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Apesar de fazer parte do cotidiano das farmácias de manipulação, diversas vezes enquanto inserimos a entrada de matéria-prima no sistema e avaliamos o laudo dos fornecedores nos deparamos com a seguinte dúvida: calculo ou não o fator? Não existe uma regra fixa e é necessário avaliar caso a caso e na dúvida sempre melhor contactar o fornecedor e pedir maiores esclarecimentos. Mas para auxiliá-lo, preparamos aqui algumas dicas que vão sanar algumas de suas dúvidas e facilitar na sua decisão. Confira!

Por que calculamos Fator de correção?

Usamos o fator de correção para corrigir uma diluição do produto. O valor obtido será multiplicado pela dose prescrita na receita, fazendo justamente você pesar uma quantidade do produto a mais, ou seja, você despreza o que não faz parte do produto. Ficou confuso? Veja os exemplos:

Exemplo 1: cálcio quelato

Segundo laudo, nessa amostra de cálcio quelato temos 20,1% de cálcio, o restante (79,9%) corresponde aos excipientes utilizados para a produção dessa matéria-prima. Aplica-se o cálculo abaixo e temos o fator de correção:

Fc = 100%/20,1%      Fc = 4,97

No caso, será necessário pesar 4,97 vezes mais o insumo para eu ter a concentração desejado de cálcio. Ou seja, se a prescrição solicitou 30 cápsulas de 500 mg (0,5 g) de cálcio, devo calcular: 30 x 0,5 g x 4,97 = 74,55 g

Exemplo 2: hidroxitriptofano

Nesse caso aplicando também o cálculo temos o fator de correção:

              Fc = 100%/99,06%           Fc= 1,01

Logo se uma prescrição solicitar 60 cápsulas de 5-hidroxitriptofano 50 mg (0,05 g) teremos que pesar 3,03 g (60 x 0,05 g x 1,01 = 3,03 g).

Exemplo 3: uma diluição feita na farmácia

Diversos insumos na farmácia são prescritos em doses baixas e faz-se necessário realizar uma diluição prévia para facilitar a pesagem. Exemplos clássicos são T3, T4, vitamina D, vitamina B12, ácido fólico entre outros. A diluição aplicada irá gerar um fator de correção necessário para ser inserido nos cálculos de pesagem.

Por exemplo o ácido fólico numa diluição 1:10. Sabemos que 1 parte em 10 equivale a 10%, logo o Fc será (Fc=100/10 = 10). Então, em uma prescrição com 30 cápsulas de ácido fólico 1 mg (0,001 g) será necessário pesar 0,3 g da diluição (30 x 0,001 g x 10 = 0,3 g).

Usamos essa mesma lógica para outras diluições como 1:2 (50% —— Fc=2), 1:100 (1% —- Fc=100), 1:1000 (0,1% —– Fc=1000).

E a umidade quando calculo?  

No laudo também consta a quantidade de água de uma matéria-prima que aparece mais comumente como perda por dessecação, quantidade de água livre ou karl fischer. Em certas situações é necessário descontar essa água visto que ela não faz parte da ação terapêutica do seu ativo. Analisa-se caso a caso para descontar a água livre, ou seja aquela que não faz parte do seu insumo e que foi impregnada seja no momento da síntese ou seja pela umidade do ambiente. Vamos aos exemplos:

Exemplo 1: ácido fólico

Em um primeiro momento calcula-se o fator de correção a partir do teor do insumo:

Fc = 100% /97,2%          Fc= 1,03

Na sequência calcula-se o fato de correção a partir da quantidade de água informada no laudo. Repare que no laudo está escrito que o teor é da base ANIDRA, ou seja, sem água. Nesse caso é importantíssimo descontar também a água presente no insumo:

Fc umidade = 100 % – 8,3% = 91,7%               Fc = 100%/91,7%             Fc=1,09

                Com os dois fatores calculados multiplico um pelo outro:

            Fc = 1,03 x 1,09 = 1,12

Nesse caso a pesagem do ácido fólico será necessário multiplicar pelo valor de 1,12.

Quais insumos não calcula fator de correção?

– excipientes: amido, celulose

– matérias primas utilizadas para formulação de base: álcool cetoestearilico

– matérias primas cujos ensaios clínicos foram realizados sabendo do teor do princípio ativo. Geralmente esses casos se aplica a matérias-primas com nome registrado

– Por indicação do fornecedor

E o fator de equivalência?

O fator de equivalência é utilizado para fazer o cálculo da conversão da massa do sal ou éster para o fármaco ativo, ou da substância hidratada para a anidra. O manual de equivalência da Anfarmag disponível no site do conselho federal de farmácia traz uma tabela com diversos fármacos e sua equivalência em relação ao medicamento comercial que auxilia no dia a dia.

Em diversos momentos precisamos efetuar o cálculo de equivalência principalmente nos minerais. Diante de uma prescrição de um mineral a receita precisa ser muito bem interpretada. Por exemplo, acetato de zinco, é necessário compreender se o prescritor está querendo a molécula acetato de zinco como um todo e nesse caso corrijo apenas o fator de correção ou, ele está querendo o apenas o zinco mas na forma acetato, sendo assim preciso descontar toda a parte de acetato da molécula e considerar apenas o zinco. Calculo através do peso molecular do acetato de zinco como um todo e do zinco isoladamente.

Exemplo: acetato de zinco

Segundo laudo, acetato de zinco (C4H6O4Zn.2H2O) possui uma massa molar de 219,5, e através da tabela períodica sabemos que o zinco tem uma massa molar de 65,38, logo:

        219,5 —————— 100% da molécula

              65,38—————– X

                X = 29,78% da molécula é zinco

Ou seja, 29,78% da molécula equivale ao zinco, seu fator de equivalência será 3,35 (Feq = 100%/29,78%). Você pode também dividir a massa molar do acetato de zinco pela massa molar do zinco, resultando em 3,35.

Então se o prescritor solicitar acetato de zinco 40 mg você precisa compreender o que exatamente ele está querendo pois você tem duas opções:

  1. Considerar a molécula acetato de zinco como um todo e no caso 30 cápsulas será necessário pesar 1,2 g (considerando que o teor do acetato de zinco seja 100% no laudo (Fc=1) —— 30 x 0,04 g x 1 = 1,2 g)
  2. Considerar 40 mg de zinco a partir do acetato de zinco e no caso para 30 cápsulas será necessário pesar 4,02 g ——- 30 x 0,04 x 3,35 = 4,02 g

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