A alopecia androgenética (AAG) é a forma mais comum de queda de cabelo, afetando cerca de 80% dos homens e 50% das mulheres ao longo da vida. Embora existam vários tratamentos disponíveis, a busca por opções eficazes e com menos efeitos colaterais continua. Nesse contexto, um estudo recente explorou o impacto de cepas probióticas específicas no tratamento da AAG, trazendo uma nova abordagem promissora para essa condição tão comum.
O Estudo
Com o objetivo de avaliar o impacto da combinação de cepas probióticas do gênero Lactiplantibacillus no tratamento da AAG, um ensaio clínico duplo-cego foi conduzido com 136 participantes entre 18 e 65 anos. Destes, 115 completaram o estudo, sendo 57 no grupo que recebeu probióticos e 58 no grupo placebo. O tratamento durou 16 semanas e foi avaliado com ferramentas avançadas, como o FotoFinder Trichoscale Pro, que mediu a densidade capilar, a espessura e o comprimento dos fios. Além disso, os pesquisadores analisaram a microbiota intestinal dos participantes para entender as mudanças provocadas pelos probióticos.
Resultados Promissores
Os resultados indicaram que o grupo tratado com probióticos apresentou uma redução significativa no número de fios na fase telógena (fase de queda) e uma melhora na qualidade dos fios, enquanto o grupo placebo apresentou uma diminuição da espessura capilar. No grupo probiótico, houve uma diminuição notável no número de cabelos velus (fios finos e curtos) e aumento no comprimento dos fios, especialmente em participantes com menos de 37,5 anos. Outro ponto positivo foi o aumento significativo da presença da bactéria Lactobacillus na microbiota intestinal, o que está associado a uma melhora no crescimento capilar.
O Papel da Microbiota Intestinal na Saúde Capilar
O estudo também destacou a importância da microbiota intestinal na saúde capilar. A biotina, uma vitamina essencial para a pele e cabelos, depende em grande parte da produção bacteriana no intestino. Alterações na microbiota podem prejudicar essa produção e, consequentemente, levar à queda de cabelo. Probióticos podem ajudar a restaurar esse equilíbrio, melhorando a saúde intestinal e, indiretamente, a saúde capilar.
Probióticos no Combate à Queda de Cabelo
Além de melhorar a saúde intestinal, os probióticos podem ter efeitos diretos no couro cabeludo, estimulando a fase anágena (de crescimento) dos fios. Estudos anteriores já mostraram que algumas cepas probióticas podem aumentar o fluxo sanguíneo para o couro cabeludo, promovendo o crescimento de fios mais fortes e saudáveis.
Conclusão
Embora o estudo tenha apresentado resultados promissores, é importante lembrar que mais pesquisas são necessárias para confirmar a eficácia dos probióticos no tratamento da alopecia androgenética. No entanto, essa abordagem oferece uma nova perspectiva para aqueles que sofrem com a perda de cabelo, especialmente para aqueles que buscam alternativas naturais e menos invasivas. O uso de probióticos pode, no futuro, ser uma estratégia valiosa para combater a queda de cabelo e promover a saúde capilar de forma mais ampla.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
García-Navarro, A.; et al. Randomized Clinical Trial to Evaluate the Effect of Probiotic Intake on Androgenic Alopecia. Nutrients 2024