17 principais nutracêuticos utilizados na osteoartrite

17 principais nutracêuticos utilizados na osteoartrite

A osteoartrite (OA) é uma doença degenerativa caracterizada por inflamação da cartilagem e da sinóvia que pode causar rigidez articular, inchaço, dor e perda de mobilidade. Embora afete principalmente as articulações dos joelhos, mãos e quadris, também resulta em alterações em outros tecidos articulares. Segundo estudos, alguns nutracêuticos parecem exercer ação promissora nestes processos dentro da cartilagem articular, reduzindo a progressão da doença e amenizando o processo inflamatório. Levantamos aqui os nutracêuticos mais comumente prescritos para o tratamento de osteoartrite, nos baseando em revisões de literatura descritas com o tema e cujas referências encontram-se no final do texto.

Colágeno tipo 1

A prolina e a hidroxiprolina são consideradas as substâncias biologicamente ativas do colágeno, induzindo a síntese de ácido hialurônico (conforme relatado por células sinoviais em cultura) e suprimindo a diferenciação hipertrófica de condrócitos, que é bem conhecido por estar envolvido na patogênese da OA, Além disso, esses aminoácidos estimulam a síntese de glicosaminoglicanos pelos condrócitos. Com base nesses achados, a administração oral de colágeno hidrolisado tem ação anti-inflamatória e condroprotetora, o que poderia representar a base da proteção da iniciação/progressão da OA.

Tem sido sugerido que a suplementação com 4,5-10 g/dia de peptídeos de colágeno, pelo menos por 2 meses, alivia a dor nas articulações do joelho e quadril em pessoas com OA. A redução da dor após a suplementação de colágeno em pacientes com OA indica indiretamente uma melhora nas condições articulares. De fato, o início do processo de reparo pelo acúmulo de peptídeo de colágeno no tecido cartilaginoso ajuda a manter a estrutura e a função da cartilagem, resultando em conforto articular, melhora subsequente da dor e redução na progressão da degradação do tecido da cartilagem articular.

Colágeno tipo 2

O colágeno tipo 2 não desnaturado é um suplemento nutricional derivado da cartilagem do esterno de frango. Dados da literatura mostram que o uso de colágeno tipo 2 em tratamento de pacientes acometidos com OA aumenta a mobilidade e a funcionalidade das articulações e reduz a dor. Em modelo animal, o colágeno tipo 2 influencia a resposta imune humoral e celular através das células T-reguladoras que secretam citocinas como IL-10 e fator de crescimento transformador-β que inibem a resposta imune ao colágeno tipo II presente na matriz extracelular do cartilagem articular. O tratamento com colágeno tipo 2 previne, portanto, a hiper-reação pró-inflamatória do sistema imunológico contra a cartilagem articular em pacientes com OA.

Óleo de peixe

A eficácia e os benefícios da ingestão de óleo de peixe em pacientes com OA ainda estão longe de serem bem compreendidos. De fato, estudos in vitro e in vivo mostraram uma diminuição dependente da dose na destruição inflamatória induzida do tecido cartilaginoso associada à suplementação de óleo de peixe. Os mecanismos propostos para as ações anti-inflamatórias dos ácidos graxos n-3, ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA) do óleo de peixe incluem competição com ácidos graxos n-6; as moléculas anti-inflamatórias derivadas de EPA e DHA chamadas resolvinas; a competição por receptores de produtos n-3 com moléculas pró-inflamatórias; a redução da expressão gênica de citocinas, ciclo-oxigenase 2 e proteinases degradantes; a interferência nas vias de sinalização da inflamação; e a redução da proliferação de linfócitos.

Curcumina

A curcumina é extraída da cúrcuma, uma molécula aromática com efeito anti-inflamatório que estudos in vitro demonstraram inibir a atividade da enzima COX-2 e 5-LOX, protegendo assim os condrócitos dos efeitos negativos da IL-1β. Dados da literatura também mostram in vitro um possível efeito sinérgico da curcumina com capsaicina ou resveratrol, regulando a sinalização tanto do fator nuclear-κB quanto da IL-1β e modulando a atividade da colagenase, hialuronidase e elastase, favorecendo a integridade da matriz extracelular de cartilagem e a diferenciação e sobrevivência de condrócitos. 

Boswellia serrata

A oleorresina da árvore Boswellia serrata é rica em ácidos boswellicos, que exibem um comportamento anti-inflamatório por inibir a síntese de leucotrienos ao inibir a atividade da enzima 5-lipoxigenase por meio de uma reação não redox.  A partir de ensaios clínicos randomizados, a oleorresina de Boswellia serrata parece melhorar o estado de dor, mobilidade e inchaço em pacientes com OA de joelho.

Em um estudo duplo-cego controlado por placebo, Boswellia demonstrou efeito benéfico na OA em pacientes que receberam 1.000 mg de Boswellia ao dia por oito semanas. Os pacientes do grupo Boswellia experimentaram uma diminuição significativa na dor, inchaço e aumento na amplitude de movimento em comparação com o placebo.

Glicosaminoglicanos (ácido hialurônico, sulfato de glucosamina e sulfato de condroitina)

A partir de dados clínicos e pré-clínicos, a suplementação de sulfato de glucosamina parece melhorar a função articular, reduzir a dor e também parece estimular a regeneração da cartilagem, induzindo assim uma regressão da OA. Embora nem todos os trabalhos relacionados estejam de acordo e em muitos ensaios clínicos haja um grande número de indivíduos que não se beneficiaram do tratamento com glucosamina, uma vantagem deste tratamento é que a glucosamina tem efeitos adversos baixos e raros, de modo que pode representar um opção viável para a gestão da OA. 

Em dois ensaios controlados randomizados, o sulfato de glucosamina, bem como o sulfato de condroitina, atenuaram os processos catabólicos e degenerativos graças às suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. 

O ácido hialurônico (HA), outro glicosaminoglicanos, com atividade benéficas nas articulações. In vitro, melhora as propriedades mecânicas do líquido sinovial e tem um papel regulador bioquímico nos tecidos articulares. Os resultados de melhoria obtidos com as pontuações do WOMAC são animadores, embora sejam necessárias mais pesquisas para identificar quaisquer resultados positivos a longo prazo.

Metionina e SAME 

A metionina é um aminoácido essencial para os seres humanos, uma vez que o organismo humano não é capaz de sintetizá-la e, portanto, é ingerida com a dieta. A forma ativa da metionina é S – adenosilmetionina (SAME), um precursor da glutationa. SAME tem propriedades antioxidantes e, nas articulações, fornece níveis de glutationa peroxidase, uma enzima antioxidante. Além disso, SAME inibe enzimas que degradam a cartilagem protegendo suas proteínas e proteoglicanos. 

Alguns pesquisadores mostram que SAME promove processos anabólicos da cartilagem, tendo assim uma função reguladora na regeneração da cartilagem. Também foi demonstrado em alguns estudos que, em pacientes com OA, o tratamento com SAME tem um efeito mais benéfico a longo prazo em comparação com o tratamento com anti-inflamatórios não esteroides (AINEs).

Normalmente, o uso do SAMe prevê uma dose de 800-1600 mg por dia com indicação de uma ingestão suficiente de folato e vitamina B.

Garra do diabo

Harpagophytum procumbens é uma planta sul-africana conhecida como garra do diabo. Em seu extrato, estão presentes compostos glicosídeos de triterpeno-harpagosídeos que demonstraram reduzir a produção de metaloproteinases de matriz (MMP)-1, MMP-3 e MMP-9 induzida por IL-1β em condrócitos e regular negativamente TNF-α e expressão do gene COX-2 in vitro. O uso do extrato de garra do diabo como suplemento dietético no tratamento de pacientes com OA de quadril e joelho além de parecer eficaz, tem um bom perfil de segurança graças aos baixos efeitos adversos apresentados.

MSM

O metilsulfonilmetano (MSM) é um suplemento contendo enxofre orgânico sugerido para aliviar dores articulares/musculares, devido às suas propriedades anti-inflamatórias e por retardar a progressividade anatômica da articulação na OA do joelho. A maioria dos estudos com uso de MSM apesar de promissores são realizados em modelos in vitro e em animais, o que limita averiguar seus resultados em humanos. Além disso, os poucos estudos clínicos são em amostras pequenas e associados a outros insumos como condroitina e glucosamina.

Vitamina C

É uma molécula solúvel em água com propriedades antioxidantes altamente eficazes devido à sua reatividade com numerosos radicais livres. A ingestão dietética de vitamina C parece estar associada a uma diminuição do risco de perda de cartilagem e OA em humanos, provavelmente pela redução do estresse oxidativo. A vitamina C também desempenha um papel importante como um doador de elétrons na síntese de colágeno tipo II e como carreador de sulfato na síntese de glicosaminoglicanos. 

A depleção da matriz extracelular dos proteoglicanos sulfatados da cartilagem articular é considerada uma das expressões mais relevantes da OA, frequentemente associada à degeneração da cartilagem. A deficiência de vitamina C poderia, portanto, ser considerada um fator de risco para o desenvolvimento da OA e, assim, sua suplementação na prevenção primária pode representar uma possível solução para a OA, principalmente em combinação com terapias convencionais ou não convencionais.

Zinco

Quando a cartilagem se rompe na OA, os ossos se atritam causando dor, inchaço e rigidez. Essa destruição tecidual é causada por proteínas chamadas enzimas de degradação da matriz, que são produzidas pelas células da cartilagem e são as principais responsáveis ​​pela degradação da matriz extracelular – o sistema de suporte estrutural que envolve as células e as mantém unidas. Como as enzimas de degradação da matriz requerem zinco para funcionar, pesquisadores acreditam que os níveis de zinco dentro das células da cartilagem podem desempenhar um papel na OA.

Vitamina D

Vários estudos investigaram o possível papel da vitamina D no início e na progressão da OA. Nesse sentido, a expressão de receptores de vitamina D na cartilagem articular de pessoas com OA, mas não na de voluntários saudáveis, pode indicar a influência direta desse hormônio no dano potencial da cartilagem articular. 

As pesquisa apresentada até o momento são conflitante quanto aos efeitos dos baixos níveis de vitamina D sobre os aspectos funcionais da OA de joelho. Embora pareça que a vitamina D tenha efeitos negativos na saúde da cartilagem, conforme relatado pelos estudos in vitro, outros estudos em humanos relataram um possível papel na prevenção da dor e perda de volume na cartilagem. Nesse contexto, para determinar plenamente a relação entre a suplementação de vitamina D e a progressão ou desenvolvimento da OA, mais estudos serão necessários.

Capsaicina

Outra molécula anti-inflamatória é a capsaicina, um agonista que se liga aos canais de potencial receptor transitório V1 (TRPV1) nas terminações nervosas sensoriais. Esta molécula extraída da pimenta é responsável por produzir a sensação de calor ou picante, que demonstrou reduzir a dor, rigidez e escores funcionais médios do WOMAC em comparação com placebo em pessoas com OA.

Magnésio

Há relatos que  a suplementação com magnésio em pacientes idosos com alto risco de AO de joelho pode ser um meio viável de reduzir o risco de desenvolver a doença. No entanto uma meta-análise utilizou 6 estudos, com um total de 15.715 participantes e concluiu que um maior nível de ingestão de magnésio não está associado a um menor risco de desenvolver OA de joelho. No entanto, a maior ingestão diária de magnésio pode estar inversamente associada ao risco de fratura em pacientes com OA de joelho.

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Bibliografia consultada:

Castrogiovanni P; et al. Nutraceutical Supplements in the Management and Prevention of Osteoarthritis. Int J Mol Sci. 2016.

Colletti A; Cicero AFG. Nutraceutical Approach to Chronic Osteoarthritis: From Molecular Research to Clinical Evidence. Int. J. Mol. Sci. 2021.

Ray K. Zinc linked with osteoarthritis. Nature Reviews Rheumatology, 2014.

Kimmatkar N, Thawani V, Hingorani L, Khiyani R. Efficacy and tolerability of Boswellia serrata extract in treatment of osteoarthritis of knee – a randomized double blind placebo controlled trial. Phytomedicine, 2003.

WU Z; et al. The relationship between magnesium and osteoarthritis of knee. Medicine (Baltimore). 2019.

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