Para quem está na rotina magistral e compreende todo o processo de produção das cápsulas, está mais do que acostumado de que em algumas formulações faz-se necessário dobrar, triplicar, quadriplicar… enfim, deixar a dose em um número “x” de cápsulas. Mas lembrem-se que o paciente não tem a compreensão de todo o processo magistral e muitas vezes explicar o porquê que é necessário tomar mais de 1 cápsula para ter a dose, torna-se um verdadeiro desafio.
Explicar para o paciente que 1 dose deu 2, 3, 4 ou tantas cápsulas forem necessárias é super comum e cada farmácia tem seu jeitinho especial de falar com o paciente. Trouxemos aqui algumas dicas que vão ajudar você nesse desafio e evitar que um simples detalhe farmacotécnico possa resultar numa reclamação e até mesmo a perda do paciente. Confira!
1) Deixe tudo muito bem explicado e detalhado.
Além do clássico adesivo do número de cápsulas por dose, procure deixar o rótulo muito bem explicado. Na posologia é importante deixar descrito o número de cápsula por dose, por exemplo:
“Tomar 1 dose (= 5 cápsulas)…”
“Tomar 1 dose (equivale a 3 cápsulas)….”
“Tomar 1 dose (2 cápsulas)”.
No volume procure deixar também o número de doses e cápsulas que o paciente vai encontrar no frasco:
“Volume: 30 doses (90 caps)”
2) Mantenha histórico do cliente
Uma estratégia simples para ser adotada afim de evitar diversas reclamações de clientes, inclusive a reclamação do número de cápsula por dose, é manter um histórico do paciente ativo alimentando as informações no sistema. Sempre insira no sistema detalhes do produto do paciente como por exemplo quantas cápsulas representam a dose do produto, cor e tamanho da cápsula, embalagem no qual foi dispensado, entre tantas outras informações pertinentes. Cada vez que o paciente for fazer uma fórmula na farmácia, mesmo que não seja repetição, confira o histórico. Avalie se já fez fórmulas semelhante e procure manter o número de cápsula/dose igual a pedidos anteriores. Com o tempo, conferir o pedido com o sistema aberto vira um hábito e o tempo a mais perdido investigando histórico você ganha evitando uma reclamação e até a perda do cliente.
3) Mantenha o paciente informado
Informação clara e precisa para o paciente. Se você já percebeu pelo histórico que não é possível manter a fórmula conforme a anterior, além de colar etiqueta informativa, descrever no rótulo e deixar tudo muito bem explicado você tem que pensar que o paciente pode nem se quer ler o rótulo e ingerir a quantidade de cápsula que ele já estava acostumado a usar. Portanto, entre em contato com o paciente seja por telefone ou pessoalmente na hora da dispensação. Deixe tudo bem explicado e certifique-se de que ele entendeu.
4) O que é mais pesado: 1 Kg de algodão ou 1 Kg de ferro?
Essa pergunta é ótima para fazer ao paciente no intuito de explicar que a densidade dos pós varia. Bem, 1 Kg de algodão e 1 Kg de ferro tem o mesmo peso, mas quando imaginamos os dois temos a impressão que o ferro pesa mais. Assim como o algodão e o ferro, existem pós mais volumosos que precisam de mais espaço para se acomodarem e com isso necessitam de mais cápsulas para serem armazenados.
Outro exemplo prático é comparar 1 Kg de sal que se compacta em um pacote menor quanto se compara a 1 Kg de arroz ou feijão, cujos pacotes são maiores.
5) Mudança de lote do insumo
Use esse artifício em últimos casos. Para o cliente cada insumo é uma coisa e é impossível eles serem diferentes em cada compra. Na prática magistral sabemos que realmente um lote de produto pode variar em questão de volume. Portanto, mantenha histórico de cliente e faça com que o número de cápsula/dose seja conforme os pedidos anteriores. Nos casos de não ser possível manter igual as repetições, explique as alterações de volume entre os lotes de matéria-prima.
6) Faça o somatório
A cápsula é um invólucro que armazena os insumos prescritos. Fazendo uma analogia, é como se fosse o pote no qual armazenamos o arroz em casa, e esse pote tem uma capacidade máxima. Uma cápsula tamanho 00 cabe no máximo 1000 mg de pó (nesse caso não vamos nem explicar a questão de volume e densidade de pós para não confundir mais), some as miligramas dos insumos prescritos e mostre que passa de 1000 mg ou fica muito perto, sendo necessário o uso de mais cápsulas para armazenar toda a dose prescrita.
7) Use e abuse de material gráfico
Além dos adesivos e informação no rótulo, vale também preparar materiais gráficos como bulas e informativos que expliquem por meio de desenhos que 1 dose é tantas cápsulas.