A glutationa (GSH, L-γ-glutamil-L-cisteinil-glicina) é um antioxidante endógeno encontrado em muitos tecidos, porém, no cérebro, desempenha um papel importante e é amplamente utilizada pelos neurônios para neutralizar o estresse oxidativo e manter as células neurais com a funcionalidade e viabilidade adequada. No entanto, baixas concentrações de GSH foram relatadas em alguns dos principais transtornos psiquiátricos, incluindo transtorno depressivo maior, transtorno bipolar e esquizofrenia. A literatura mostra que condições estressantes aumentam a demanda energética cerebral, o que resulta em aumento de esp´écies reativas de oxigênio e consequentemente diminuição dos níveis de GSH no córtex cerebral de camundongos, efeito que foi revertido por antidepressivos.
Assim, pesquisadores brasileiros levantaram a hipótese de que mulheres com risco suicida apresentam desequilíbrio redox cerebral, resultando em diminuição dos níveis sanguíneos de GSH. Com isso, buscaram avaliar os níveis séricos de biomarcadores de estresse oxidativo em mulheres com risco de suicídio, após 18 meses do parto.
Quarenta e cinco mulheres [15 sem transtornos de humor e 30 com transtornos de humor (depressão maior e transtorno bipolar)] foram selecionadas 18 meses após o parto. A porcentagem de risco de suicídio observada na amostra foi de 24,4% e foi associada a baixos níveis de GSH. Foi verificado também diferença nos níveis de GSH de acordo com o grau de risco suicída, observando diferenças entre os níveis de glutationa no grupo de mulheres com risco moderado a alto em relação ao grupo de referência (sem risco de suicídio).
Dessa forma, o estudo em questão sugere que o GSH pode ser um potencial biomarcador ou fator etiológico em mulheres com risco moderado a alto de suicídio.
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Bibliografia consultada:
da Silva Schmidt PM; et al. Can glutathione be a biomarker for suicide risk in women 18 months postpartum? Front Psychiatry. 2023.