Pacientes com doenças cardíacas ou fatores de risco para doenças cardíacas, apresentam um maior risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Mas você sabia que uma gripe pode aumentar, e muito, o risco de um evento cardíaco sério ou até fatal? E que tomar a vacina contra a gripe pode reduzir substancialmente esse risco?
É de conhecimento que a gripe pode causar sintomas respiratórios importantes, como pneumonia, bronquite e infecção bacteriana nos pulmões. Os efeitos do vírus no coração têm sido historicamente mais difíceis de analisar, em parte porque muitos pacientes já têm uma predisposição conhecida a eventos cardíacos e também porque o evento cardíaco geralmente ocorre semanas após o início da gripe. Porém alguns resultados importantes sobre a relação gripe e doenças cardiovasculares já foram apresentados em estudos:
- Mortes cardiovasculares e epidemias de gripe aumentam na mesma época.
- Os pacientes têm seis vezes mais probabilidade de sofrer um ataque cardíaco na semana após a infecção por influenza do que em qualquer momento durante o ano anterior ou após a infecção.
- Em um estudo analisando 336.000 internações hospitalares por gripe, 11,5% sofreram um evento cardíaco grave.
- Outro estudo analisando 90.000 infecções por influenza confirmadas em laboratório, mostrou uma taxa muito semelhante de 11,7% dos indivíduos apresentando um evento cardiovascular agudo.
- Um em cada oito pacientes, ou 12,5%, internados no hospital com gripe apresentou um evento cardiovascular. Desses, 31% necessitaram de cuidados intensivos e 7% morreram como resultado do evento.
A razão pela qual a gripe estressa tanto o coração e o sistema vascular está relacionada com a resposta inflamatória do corpo à infecção. A inflamação ocorre quando os “primeiros reagentes” do corpo – glóbulos brancos – se reúnem em uma área e começam a trabalhar no combate a uma infecção, bactéria ou vírus. O aumento dessa atividade também pode causar uma espécie de congestionamento, levando a coágulos sanguíneos, pressão arterial elevada e até inchaço ou cicatrizes no coração. Os estressores tornam as placas arterianas mais vulneráveis à ruptura, causando um bloqueio que interrompe o oxigênio para o coração ou cérebro e resulta em ataques cardíacos ou AVC. Além disso, complicações não cardíacas da doença viral, incluindo pneumonia e insuficiência respiratória, podem piorar muito os sintomas de insuficiência cardíaca ou arritmia cardíaca.
Resumindo, o estresse adicional no sistema cardiovascular pode ser opressor para um músculo cardíaco já enfraquecido.
Os pesquisadores alertam que a vacina da gripe pode auxiliar na redução dessas complicações visto que, em média, sua eficácia na prevenção de infecções está em torno de 40%. Embora isso possa não parecer ótimo, é o suficiente para reduzir significativamente o risco de doenças graves na maioria das pessoas.
Ultimamente, estudos têm mostrado que não só a vacina é eficaz em proteger a população em geral e os grupos de idade mais vulneráveis (acima de 65 e menos de 2 anos) de casos graves de gripe, mas também protege contra a mortalidade cardiovascular, especialmente entre a população de alto risco como mostra alguns resultados abaixo:
- Os adultos que receberam a vacina tiveram 37% menos probabilidade de serem hospitalizados por causa da gripe e 82% menos probabilidade de serem admitidos na UTI por causa disso.
- Entre as pessoas internadas no hospital com gripe, os vacinados tiveram 59% menos chance de serem admitidos na UTI. Os pacientes vacinados admitidos na UTI passaram quatro dias a menos na UTI do que os pacientes não vacinados.
- A vacinação foi associada a um menor risco de eventos cardiovasculares (2,9% vs 4,7%) se o paciente pegasse gripe.
- Entre os pacientes de maior risco com doença coronariana mais ativa, a vacinação foi associada a resultados consideravelmente melhores.
- Os pacientes internados no hospital com síndrome coronariana aguda foram designados aleatoriamente para receber ou não a vacina contra a gripe antes da alta. Os principais eventos cardiovasculares ocorreram com menos frequência no grupo da vacina do que no grupo de controle (9,5% vs. 19%).
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Bibliografia consultada:
Disponível em Science Daily. Traduzido e adaptado por Magistral Guide.