A resistência generalizada aos antibióticos despertou interesse na busca por estratégias não antibióticas, particularmente com foco em probióticos para a prevenção de infecções recorrentes do trato urinário (ITUs). Um recente estudo buscou avaliar a eficácia da suplementação profilática de probióticos por via oral e intravaginal na prevenção de ITUs recorrentes.
O estudo duplo-cego, controlado por placebo, envolveu 174 mulheres na pré-menopausa com histórico de ITUs recorrentes e as randomizou para um dos quatro grupos de tratamento:
G1 – placebo oral + placebo vaginal;
G2: bactérias lácticas orais e bifidobactérias + placebo vaginal;
G3 – placebo oral + lactobacilos vaginais;
G4 – bactérias lácticas orais e bifidobactérias + lactobacilos vaginais
Os participantes foram acompanhados por ITUs sintomáticas durante um ano. Os desfechos primários foram o número de ITUs sintomáticas em 4 meses, a proporção de indivíduos com pelo menos uma ITU sintomática e o tempo até a primeira ITU sintomática.
A incidência de ITU aos 4 meses no G1, G2, G3 e G4 foi de 70,4%, 61,3%, 40,9% e 31,8%, respectivamente. O número médio de recorrências de ITU sintomática aos 4 meses foi significativamente menor no G3 (1,06) e G4 (1,07) em comparação ao G1 (2,1) e G2 (1,63). Além disso, o tempo até a primeira ITU sintomática (dias) foi significativamente maior no G3 (123,8) e G4 (141,8) em comparação ao G1 (69,3) e G2 (71,9). As suplementações probióticas foram bem toleradas, sem eventos adversos graves.
Os autores concluem destacando que a suplementação profilática com probióticos vaginais ou em combinação com probióticos orais demonstrou eficácia na prevenção de episódios recorrentes de ITU sintomática.
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Bibliografia consultada:
Gupta V, Mastromarino P, Garg R. Effectiveness of prophylactic oral and/or vaginal probiotic supplementation in the prevention of recurrent urinary tract infections: A randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Clin Infect Dis. 2023