O envelhecimento traz uma série de desafios para a saúde, e um dos mais preocupantes é o declínio cognitivo. Pesquisas recentes indicam que a deficiência de minerais essenciais, como magnésio e cálcio, pode desempenhar um papel significativo na piora das funções cerebrais em adultos mais velhos. Apesar de muitos estudos se concentrarem na ingestão alimentar desses nutrientes, os níveis séricos – ou seja, a quantidade real circulante no organismo – parecem ser um fator ainda mais relevante para a cognição.
A Relação Entre Magnésio, Cálcio e a Saúde do Cérebro
Tanto o magnésio quanto o cálcio desempenham papéis cruciais na função neuronal. O magnésio está envolvido na plasticidade sináptica e na regulação dos receptores NMDA, fundamentais para a memória e o aprendizado. Já o cálcio é essencial para a transmissão de sinais nervosos, participando da liberação de neurotransmissores e da comunicação entre os neurônios.
No entanto, à medida que envelhecemos, a absorção desses minerais pode se tornar menos eficiente, e condições como osteoporose, doenças cardiovasculares e diabetes podem agravar essas deficiências. Além disso, dietas inadequadas e o uso prolongado de certos medicamentos, como diuréticos e inibidores da bomba de prótons, podem contribuir para baixos níveis de magnésio e cálcio no sangue.
O Estudo: Como a Falta de Magnésio e Cálcio Impacta a Cognição?
Para investigar essa relação, um estudo analisou 1.220 idosos hospitalizados e os dividiu em quatro grupos:
- Níveis normais de magnésio e cálcio
- Hipomagnesemia (deficiência de magnésio)
- Hipocalcemia (deficiência de cálcio)
- Deficiência simultânea de magnésio e cálcio
Os pesquisadores avaliaram a cognição dos participantes por meio de dois testes amplamente utilizados: o Mini-Exame do Estado Mental (MMSE) e o Teste do Desenho do Relógio (CDT). Esses testes analisam habilidades como memória, orientação, atenção e habilidades visuo-espaciais, essenciais para um funcionamento cognitivo saudável.
Os resultados foram alarmantes: idosos com hipocalcemia apresentaram os piores desempenhos, seguidos por aqueles com hipomagnesemia isolada ou com deficiência combinada de ambos os minerais. Após ajustes para idade, sexo e outras condições médicas, observou-se que a deficiência desses nutrientes contribuiu significativamente para o declínio cognitivo.
Por Que Isso Acontece?
A relação entre essas deficiências e a piora cognitiva pode estar associada a vários mecanismos, incluindo:
- Aumento da inflamação: A falta de magnésio e cálcio está ligada a processos inflamatórios que afetam negativamente os neurônios.
- Desregulação dos neurotransmissores: Níveis inadequados de cálcio podem comprometer a comunicação entre os neurônios, prejudicando a memória e a atenção.
- Estresse oxidativo: O magnésio atua como um antioxidante, protegendo o cérebro contra danos celulares causados pelos radicais livres. Sua deficiência pode acelerar a degeneração neuronal.
Conclusão
A saúde cognitiva dos idosos é influenciada por diversos fatores, e a nutrição tem um impacto direto na preservação das funções mentais. A deficiência de magnésio e cálcio pode acelerar o declínio cognitivo, comprometendo a qualidade de vida. Por isso, a atenção a esses minerais deve fazer parte das estratégias preventivas para um envelhecimento saudável.
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