Enema de café tem embasamento científico?

Enema de café tem embasamento científico?

Enema é uma forma farmacêutica que consiste em introduzir uma solução pelo orifício anal, muito utilizada para efetuar uma lavagem intestinal em casos de prisão de ventre. Por isso que geralmente o insumo diluído na solução que será aplicada via reto, apresenta uma função laxativa osmótica como o fosfato de sódio ou glicerol. Mas há quem defenda que uma solução de café à temperatura ambiente aplicada via reto pode auxiliar a desintoxicar o corpo, regenerar o fígado, ativar o sistema imune e tratar alguns tipos de câncer. Mas será que esse procedimento é seguro e tem respaldo científico?

Nas décadas de 1920 e 30, Max Gerson um médico germano-americano desenvolveu uma terapia alternativa chamada “terapia Gerson”. A terapia consistia em aplicar enemas de café junto com uma dieta vegetariana e administração de vitaminas e minerais como forma de curar e desintoxicar o corpo. O médico alegava que essa terapia poderia limpar o fígado ajudando a remover as toxinas do corpo. Acredita-se que foi daqui que surgiu a aplicação de enemas de café.

Os defensores dos enemas de café propõem que o café ativa propriedades semelhantes a antioxidantes por meio da glutationa S-transferase, e a administração retal é capaz de dilatar os ductos biliares e excretar a bile carregada de toxinas. No entanto, estudos apontam que enemas de café não estão correlacionados com alterações nos níveis séricos de glutationa. 

É possível encontrar na literatura relatos de casos de colite após o uso de enema de café. Uma revisão sistemática realizada com o intuito de investigar a segurança e eficácia do enema de café, concluiu que esse procedimento não tem evidências suficientes quanto a sua eficácia e apresenta riscos à saúde. Segundo a revisão, dos nove relatos de casos encontrados na literatura sobre o efeito adversos dessa prática, todos alertavam contra o uso, sete deles envolveram colite pós enema e dois envolveram eventos adversos mais críticos.

Vale a pena ressaltar que por se tratar de um procedimento sem muitas evidências, a realização deve ser feita apenas em consultório, monitorado por um profissional qualificado e capacitado para avaliar os riscos/benefícios dentro do caso clínico do paciente.

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Bibliografia consultada:

Lee AH; et al. Proctocolitis From Coffee Enema. ACG Case Rep J. 2020.

Son H; et al. The safety and effectiveness of self-administered coffee enema. Medicine (Baltimore). 2020.

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