Atualmente há uma deficiência crônica de vitamina D na população, acarretado principalmente pela carência de exposição solar como também pela baixa ingestão de alimentos fonte de vitamina D. Estima-se que os níveis endóamina genos ideais de vitamina D devam ser superiores a 30 ng/mL. Valores mais baixos devem ser avaliados por profissionais de saúde no intuito de buscar estratégias para elevar a concentração. Uma das estratégias propostas é suplementação com o uso de formas farmacêuticas contendo vitamina D. Mas, apesar de alguns pacientes responderem muito bem ao uso de formulações contendo Vitamina D, outros porém, por mais que utilizem não percebem modificações nos níveis séricos. Nesse contexto, fica um questionamento de quais elementos podem interferir na absorção da vitamina D para que sejam contornados, aproveitando o insumo da melhor maneira possível.
A literatura atual carece de conhecimento completo sobre o mecanismo de absorção da vitamina D. Em 2017, uma revisão publicada Journal Food Science Technology compilou o que se sabe até o momento sobre os fatores que afetam na absorção da vitamina D e o Magistral Guide fez esse resumo do artigo para você.
Como a vitamina D é absorvida?
A vitamina D tem característica oleosa. Sua absorção segue o processo do metabolismo lipídico, conjugando-se aos sais biliares, formando micelas, e na sequência incorporando-se aos quilomícrons nos enterócitos, para que seja possível seu transporte pelo sistema linfático e circulação.
Veículos que interferem a absorção
A biodisponibilidade da vitamina D em veículos oleoso é maior do que o de veículos à base de pó, como amido e celulose. Em contraste, a biodisponibilidade de vitamina D na cápsula de lactose é maior do que na forma de gotas oleosa. Por outro lado, a modificação das propriedades físicas da vitamina D (encapsulamento, emulsificação, nanopartículas), bem como alteração química da vitamina (éster de vitamina D e sal) tornam a vitamina D mais acessível aos enterócitos, melhorando a penetração na bicamada lipídica, aumentando assim a absorção eficiência.
Alguns autores propõem que ao contrário dos ácidos graxos de cadeia média (não integrados em micelas), os ácidos graxos de cadeia longa prejudicariam a absorção da vitamina D aumentando o tamanho micelar, portanto, desacelerando sua difusão para os enterócitos. Essa suposição leva a crer que o óleo de coco ou os triglicerídeos de cadeia média seria a melhor opção de veículo para solubilizar a vitamina D3.
No entanto, este resultado não foi reproduzido na dose farmacológica de vitamina D quando ingerida em cadeia longa (óleo de amendoim) ou cadeia média. Assim, o aumento do nível sérico de vitamina D3 foi possível quando a mesma foi veiculada em óleo de amendoim (triglicerídeos de cadeia longa) do que em triglicerídeos de cadeia média. Já uma comparação feita da vitamina D3 solubilizada em ácido graxo monoinsaturado e poliinsaturado, concluiu que os ácidos graxos monoinsaturados podem apresentar maior absorção da Vitamina D quando comparado aos poliinsaturados.
Dessa forma, a partir dos estudos publicados até o momento, sugere-se que os melhores óleos para serem utilizados na veiculação da vitamina D seria os ácidos graxos monoinsaturados de cadeia longa, como por exemplo o óleo de amendoim, azeite de oliva, óleo de abacate, óleo de girassol com alto teor de ácido oleico.
Interferência com alimentos
Estudos relatam a melhora da absorção de vitamina D (vitamina D2 e vitamina D3) juntamente com a maior refeição do dia, com um aumento de 50% de nível sérico de 25 (OH) D. Os dados obtidos a partir deste estudo podem ser resultado de uma alta secreção de enzimas do aparelho digestivo (após uma refeição pesada) ou alguns componentes alimentares específicos.
Incorporar Vitamina D nos alimentos
Incorporar a vitamina D nos alimentos não resultou em qualquer variação na biodisponibilidade da vitamina D e foi considerado tão eficaz quanto seu uso isoladamente.
Fibras dietéticas
As fibras dietéticas têm sido consideradas um elemento chave no destino da vitamina D no trato gastrointestinal. Seu uso afeta a biodisponibilidade de vitamina D de várias maneiras, principalmente por impedir a emulsificação e formação de micelas, impedindo a liberação da vitamina D.
Interação com outras vitaminas oleosas
Supõe-se que as vitaminas lipossolúveis E e K seguem a mesma absorção de D. Esta hipótese foi verificada por um estudo na linha celular CaCO2 que confirma que a associação da Vitamina D e E reduz a absorção de vitamina E no intestino em média 15%.
Com relação a vitamina A, uma pesquisa demonstrou que a alta concentração de vitamina A reduz a biodisponibilidade da vitamina D em 30%. No entanto, os mecanismos como a vitamina A impede o absorção de vitamina D, permanece desconhecida e requer Investigação aprofundada.
Inibidores da absorção de gordura
Pessoas que sofrem com obesidade consomem vários medicamentos anti-obesidade e inibidores de absorção de gordura (como por exemplo o orlistat). O uso desses insumos reduzim significativamente a absorção de vitamina D.
Idade
Idosos tem mais dificuldade de absorver a vitamina D do que jovens. As hipóteses sugeridas são modificações no trato gastrointestinal, redução da síntese de vitamina D pela epiderme, menor incidência e exposição solar e baixa ingestão alimentar.
Obesidade
A obesidade é geralmente correlacionada negativamente à deficiência de vitamina D. Acredita-se que nesses indivíduos a vitamina D é depositada no tecido adiposo e não é liberada quando necessária.
Doenças
Sugere-se que indivíduos que sofrem com doenças que comprometem o trato gastrointestinal tenham problemas de absoção de vitamina D, como por exemplo, icterícia obstrutiva (suco biliar baixo liberação), insuficiência pancreática, fibrose cística, doença célica e cirurgia gástrica. Os níves séricos de vitamina D são reduzidos em cerca de 30% em pacientes com cirurgia de bypass gástrico.
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Bibliografia utilizada:
Maurya VK; Aggarwal M. Factors influencing the absorption of vitamin D in GIT: an overview. J Food Sci Technol, 2017