As pesquisas científicas deixaram bem documentado o papel da serotonina na patogênese da depressão, porém a influência de diversas outras substancias ainda é questionável e permanece obscura. Algumas substâncias a ser elucidada são os metabólitos de triptofano gerado via quinurenina. Com isso, pesquisadores da Universidade Médica De Lodz, na Polônia, apresentaram seu estudo clínico em setembro de 2020 na revista Nutrients avaliando a relação entre a ingestão e o metabolismo do triptofano (TRP) em pacientes idosos com transtornos do humor.
O TRP é um aminoácido essencial, encontrado no plasma principalmente ligado à albumina, e com apenas uma pequena fração encontrada na forma livre. Ao atravessar a barreia hematoencefálica, seus metabólitos exercem diferentes ações no sistema nervoso central. Importantes metabólitos neuroativos resultantes do metabolismo do TRP (como a serotonina, melatonina, 3-hidroxiquinurenina, ácido quinolínico e quinurênico, dentre outros) têm sido associados a doenças neurodegenerativas como o Mal de Alzheimer, a doença de Huntington, o transtorno bipolar, esquizofrenia, depressão, doenças inflamatórias, alergias e doenças infecciosas. As duas principais vias de metabolização do TRP conhecidas são a da 5-HT e da quinurenina. Em torno de 95% do TRP obtido da dieta é metabolizado pela via da quinurenina, e apenas 1% do TRP é convertido em 5-HT no sistema nervoso central, o restante é direcionado à síntese de proteínas e de melanina.
No estudo 90 indivíduos idosos foram divididos em três grupos: grupo I) 30 indivíduos controles (adultos jovens saudáveis); grupo II) 30 idosos sem depressão; grupo III) 30 idosos com sintomas de depressão leve e moderada, conforme avaliado pelo Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton (HAM-D) e também conhecida como transtornos de humor. A ingestão média de TRP foi avaliada com a calculadora nutricional. Os níveis urinários de TRP, ácido 5-hidroxiindolacético (5-HIAA), L-quinurenina (KYN), ácido quinurênico (KynA), ácido xanturênico (XA) e ácido quinolínico (QA) foram determinados por cromatografia líquida com espectrometria de massa.
A ingestão média diária de TRP foi significativamente menor no grupo III do que nos dois grupos restantes, mas o grupo III também foi caracterizado por níveis urinários mais elevados de KYN, KynA, XA e QA em comparação com indivíduos adultos mais jovens e pacientes idosos sem transtornos do humor. Portanto, a depressão leve e moderada em idosos pode estar associada a uma menor ingestão de TRP e alterações em sua via metabólica da quinurenina, o que sugere uma potencial intervenção alimentar baseada em TRP nesse grupo de pacientes.
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Bibliografia consultada:
Chojnacki C, et al. Tryptophan Intake and Metabolism in Older Adults with Mood Disorders. Nutrients, 2020.
Carvalho M; Yonamine CM; Dal Mas C; Nunes DFS. Metabolismo do triptofano em transtornos mentais: um enfoque na esquizofrenia. VITTALLE – Revista de Ciências da Saúde, 2017