A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel essencial para a homeostase da manutenção do cálcio, para a saúde óssea e para a prevenção de quedas e fraturas, além de estar relacionada à hipertensão, diabetes, síndrome metabólica, câncer, doenças autoimunes e infecciosas, entre outras. Nosso corpo é capaz de sintetizá-la quando nossa pele entra em contato com o sol, principalmente nos horários onde a incidência de raios é mais intensa (entre 10 e 14 horas). Alguns poucos alimentos também possuem vitamina D como é o caso do salmão, sardinha, cavala, atum, óleo de fígado de bacalhau, gema de ovo e alguns cogumelos. E, apesar de vivermos em um país tropical com alta incidência de raios solares, um estudo de 2014 sugere uma prevalência de hipovitaminose D em cerca de 77% da população adulta [4,5].
A alta deficiência de vitamina D faz com que os prescritores solicitem a suplementação de vitamina D em seus pacientes. A escolha certa do veículo e a farmacotécnica correta são quesitos essenciais para o bom aproveitamento da vitamina D pelo corpo. Juntamos aqui alguns artigos que discutem a interferência do veículo usado na biodisponibilidade da vitamina D. Confira!
Convertendo UI para mcg
O primeiro passo para preparar a solução de vitamina D é convertendo a dose prescrita em unidade de pesagem. O laudo disponibiliza a quantidade de UI por grama de vitamina D. Esses valores devem estar devidamente inseridos nos parâmetros do sistema afim de evitar erros de cálculo e conversão. De forma geral, cada mcg de vitamina D temos 40UI.
Qual é mais absorvida, vitamina D em cápsula ou em solução?
O mecanismo de absorção da vitamina D pelo trato gastrointestinal é semelhante à absorção de outros lipídios. A presença de gordura no duodeno estimula a liberação de ácidos biliares, formando micelas, que são absorvidas por difusão passiva nos enterócitos. O aumento da concentração de gordura estimula ainda mais a liberação de sais biliares fazendo acreditar que a vitamina D possa ter um aumento na sua absorção quando solubilizada em óleo [1]
Diversos ensaios foram propostos no intuito de avaliar se a solubilização da vitamina D em óleo facilita sua absorção, mas nenhum conseguiu comprovar essa hipótese. Estudo comparando a biodisponibilidade da vitamina D em suco de laranja e leite mostrou que o conteúdo lipídico do leite não afetava significativamente a biodisponibilidade da vitamina D. Resultados semelhantes foram obtidos comparando dois queijos cheddar enriquecido com vitamina D, sendo um com 33% de gordura e outro com apenas 7% de gordura. E, mesmo comparando o consumo de vitamina D com ou sem 2 g de óleo de peixe, não foi possível comprovar que associar a vitamina D a uma quantidade de gordura poderia aumentar sua absorção [2].
Qual óleo usar como veículo na solução?
Acredita-se que o tamanho da cadeia do óleo usado como veículo, possa também influenciar na absorção da vitamina D. Um estudo comparando os níveis séricos de vitamina D após sua administração solubilizada em óleo de amendoim (triglicerídeos de cadeia longa) ou de triglicerídeos de cadeia média (TCM), mostrou que houve melhor absorção na vitamina D solubilizada no óleo de amendoim. Porém, uma comparação feita da vitamina D em ácido graxo monoinsaturado e poliinsaturado concluiu que os ácidos graxos monoinsaturados podem apresentar maior absorção da Vitamina D quando comparado aos poliinsaturados [2]
Dessa forma, a partir dos estudos publicados até o momento, sugere-se que os melhores óleos para serem utilizados na veiculação da vitamina D seria os ácidos graxos monoinsaturados de cadeia longa, como por exemplo o óleo de amendoim, azeite de oliva, óleo de abacate, óleo de girassol com alto teor de ácido oleico.
Qual aroma usar?
Uma solução é quando todos os líquidos presentes estão solúveis, então, para manter uma solução de vitamina D devidamente flavorizada deve-se optar por aromas lipofílicos. O uso de óleo essencial acaba deixando um retrogosto amargo. Uma opção são os aromas líquidos lipofílicos que a empresa Novo Aroma disponibiliza para as farmácias magistrais, podendo ser encontrados no sabor morango e laranja.
Uso edulcorante?
Geralmente a solução de vitamina D fica restrita a tomada de 2 a 5 gotas. Só o uso do aroma é suficiente para deixar a formulação com um paladar agradável. Caso você opte por usar edulcorante, lembre-se que os adoçantes são solúveis em água e ao adicionar na solução de vitamina D haverá separação de fases e o risco do paciente aspirar pelo conta-gota apenas o adoçante, ocasionando erro de dose. Uma possível sugestão para usar adoçante seria preparar uma emulsão.
Bibliografia consultada
[1] Grossmann RE; Tangpricha V. Evaluation of vehicle substances on vitamin D bioavailability: A systematic review. Mol Nutr Food Res. 2010
[2] Maurya VK; Aggarwal M. Factors influencing the absorption of vitamin D in GIT: an overview. J Food Sci Technol, 2017
[3] Holmberg I, et al. Absorption of a pharmacological dose of vitamin D, from two different lipid vehicles in man: comparison of peanut oil and a medium chain triglyceride. Biopharmaceutics & drug disposition, 1990.
[4] Palacios C, Gonzalez L. Is vitamin D deficiency a major global public health problem? J Steroid Biochem Mol B
[5] Jorge AJL, et al. Deficiência da Vitamina D e Doenças Cardiovasculares. International Journal of Cardiovascular Sciences, 2018