Sim, o excesso de peso e o sedentarismo também são grandes vilões para o surgimento do câncer. Um grupo de pesquisadores concluiu em uma importante meta-análise publicada em 2017, no BMJ, que há fortes evidencias da associação da obesidade com 11 tipos diferentes de câncer, entre eles: pâncreas, rim, ovário, biliar, esôfago, cólon e reto, estômago e mieloma múltiplo, bem como câncer de mama e endométrio em mulheres. Avaliando mais de 90 trabalhos, os pesquisadores puderam averiguar que:
– para cada aumento de 5 kg / m2 no IMC, houve um risco aumentado de 9% de desenvolver câncer colorretal em homens
– por cada aumento de 5 kg / m2 no IMC, houve um risco aumentado de 56% de desenvolver câncer do sistema do sistema biliar
– por cada 5 kg de ganho de peso, mulheres pós-menopáusicas que nunca fizeram terapia de reposição hormonal, apresentaram risco 11% maior de câncer de mama
– para cada aumento de 0,1 na relação cintura-quadril, houve um risco aumentado de 21% de câncer de endométrio
Enquanto a obesidade e sedentarismo se mostram como fatores de risco, aumentando as chances do desenvolvimento da doença, a prática regular de exercício físico vai de encontro à outra vertente, reduzindo as chances de desenvolver câncer. De fato os atletas desfrutam de um risco reduzido de desenvolvimento de câncer, e por anos acreditou-se que isso se dava em virtude da alimentação saudável e do não consumo de tabaco, hábitos comuns entre os atletas. Hoje já se sabe que o exercício em si que traz esses benefícios de redução de risco a doenças e que qualquer pessoa pode se beneficiar e não só atletas profissionais.
A hipótese usada pelos pesquisadores para explicar os benefícios do exercício no combate ao câncer é que a liberação de adrenalina liberada constantemente durante a prática serve como um alimento para nossas células de defesa, fazendo com elas trabalhem melhor e defenda nosso corpo de multiplicações errôneas. Trabalhos com animais induzidos a um câncer de fígado mostraram que aqueles que praticavam exercício apresentavam tumores 60% menores comparados aos animais sedentários. Em humanos, o resultado foi semelhante, trabalhos de revisão mostram que a atividade física é capaz de reduzir substâncias químicas inflamatórias auxiliando na prevenção, tratamento e manutenção do câncer.
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Referências consultadas:
Kyrgiou m, et al. Adiposity and cancer at major anatomical sites: umbrella review of the literature, BMJ 2017.
Pedersen L, et al. Voluntary Running Suppresses Tumor Growth through Epinephrine- and IL-6-Dependent NK Cell Mobilization and Redistribution. Cell metabolism, 2016
Löf M,et. al. Physical activity and biomarkers in breast cancer survivors: a systematic review. Maturitas, 2012.
Ballard-Barbash R, et al. Physical activity, biomarkers, and disease outcomes in cancer survivors: a systematic review. J Natl Cancer Inst. 2012.