Um estudo recente publicado no The American Journal of Clinical Nutrition revelou que os níveis de ácidos graxos ômega-3 no sangue podem ser tão eficazes quanto o tabagismo para prever a longevidade. Os pesquisadores, com base nos dados do Framingham Offspring Cohort, acompanharam a saúde de moradores de Massachusetts por várias décadas e chegaram a conclusões surpreendentes.
O que são os ácidos graxos ômega-3?
Os ácidos graxos ômega-3 são gorduras essenciais que desempenham papéis cruciais em diversas funções do corpo, incluindo a saúde do coração e do cérebro. Eles não podem ser produzidos pelo corpo, o que significa que precisamos obtê-los através da alimentação, principalmente em peixes oleosos como salmão, sardinha e atum.
Além de serem anti-inflamatórios, os ômega-3 ajudam a manter o equilíbrio lipídico no sangue, protegendo contra doenças cardiovasculares. Este estudo, no entanto, revela que seus benefícios podem ir ainda mais além.
Ômega-3: um aliado da longevidade
Os pesquisadores analisaram os níveis de ácidos graxos de 2.240 pessoas com mais de 65 anos ao longo de 11 anos. Os resultados mostraram que aqueles com níveis mais altos de ômega-3 no sangue viviam, em média, quase cinco anos a mais do que aqueles com níveis mais baixos. Em contraste, ser fumante regular reduzia a expectativa de vida em aproximadamente 4,7 anos.
Essa descoberta ressalta a importância de incluir peixes ricos em ômega-3 na dieta para aumentar as chances de viver mais e melhor.
Nem toda gordura é igual
Outro ponto interessante do estudo é que dois dos ácidos graxos que se mostraram bons indicadores de longevidade eram ácidos graxos saturados. Isso contraria a crença popular de que toda gordura saturada é prejudicial. Embora muitos ácidos graxos saturados possam aumentar o risco de doenças cardiovasculares, alguns, como mostrou a pesquisa, podem estar associados a uma expectativa de vida maior.
Personalização das recomendações dietéticas
Os resultados do estudo sugerem que os níveis de ácidos graxos no sangue poderiam, no futuro, ser usados para personalizar orientações dietéticas. Isso poderia trazer recomendações mais específicas e eficazes para cada pessoa, ajudando na prevenção de doenças crônicas e promovendo a longevidade.
Nunca é cedo ou tarde para mudar
Uma das mensagens mais importantes desse estudo é que pequenas mudanças na dieta podem ter um impacto muito maior do que imaginamos. Incluir mais peixes oleosos e fontes de ômega-3 no dia a dia é uma mudança simples, mas que pode trazer benefícios significativos à saúde a longo prazo.
O futuro da pesquisa
Agora, os cientistas pretendem replicar o estudo em populações europeias para verificar se os resultados são consistentes em diferentes grupos populacionais. De qualquer forma, o que fica claro é que manter uma dieta rica em nutrientes essenciais, como os ácidos graxos ômega-3, pode ser uma estratégia poderosa para prolongar a vida.
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Bibliografia consultada:
McBurney MI; et al. Using an erythrocyte fatty acid fingerprint to predict risk of all-cause mortality: the Framingham Offspring Cohort. The American Journal of Clinical Nutrition, 2021