O segredo da longevidade pode estar nos bancos de fezes

O segredo da longevidade pode estar nos bancos de fezes

Muitos fatores podem comprometer a saúde intestinal ao longo dos anos. A alta ingestão de açúcar, o estresse, o uso de antibióticos… tudo isso está ligado a alterações negativas no microbioma intestinal, e pode aumentar o risco de doenças.

Mas e se você pudesse apagar todos esses danos e fazer com que o seu intestino voltasse a funcionar como quando você era mais jovem e saudável?

Segundo cientistas, talvez seja possível, a partir da coleta de uma amostra das fezes na juventude e da devolução dessas fezes ao intestino mais tarde na vida.

Embora toda a ciência necessária para realizar essa proposta ainda não tenha sido concluída, alguns pesquisadores afirmam que não deveríamos esperar. Eles estão solicitando que os bancos de fezes existentes permitam que as pessoas comecem a depositar suas fezes desde já; assim, caso a ciência seja disponibilizada, o material estará lá para ser usado.

Mas como seria isso?

Primeiro, você iria a um banco de fezes preferencialmente enquanto jovem e saudável e forneceria uma amostra de fezes fresca, que seria analisada para detecção de doenças, higienizada, processada e armazenada. Se mais tarde você tiver alguma doença, como doença inflamatória intestinal, doença cardíaca ou diabetes tipo 2 (ou se fizer alguma terapia que elimine o seu microbioma, como antibioticoterapia ou quimioterapia), os médicos poderão usar suas fezes preservadas para “recolonizar” o seu intestino, restaurando-o ao seu estado anterior saudável. Isso seria realizado em um procedimento médico chamado transplante de microbiota fecal.  

Apesar dos bancos de fezes já existirem, as amostras armazenadas não são destinadas aos doadores, e sim a pacientes doentes que esperam tratar alguma doença. Usando o transplante de microbiota fecal, os médicos transferem o material do doador saudável para o cólon do paciente doente, restaurando a microbiota intestinal útil.

Os pesquisadores destacam que ainda existem muitos desafios. O transplante de microbiota fecal está em fase inicial de desenvolvimento, e ainda há muito o que aprender sobre o microbioma. Não há garantia, por exemplo, de que restaurar o microbioma de alguém a um estado anterior, sem doenças, controlará as doenças de forma definitiva.

Também não se sabe por quanto tempo as amostras de fezes podem ser preservadas. Os bancos de fezes atualmente armazenam o material fecal por um ou dois anos, não décadas. Para proteger as proteínas e as estruturas de ADN por tanto tempo, as amostras provavelmente precisariam ser guardadas na temperatura de armazenamento do nitrogênio líquido, ou seja, -196 °C (atualmente, as amostras são armazenadas a cerca de -80 °C). Mesmo assim, seriam necessários testes para confirmar se os frágeis micro-organismos presentes nas fezes sobreviveriam.

Uma coisa é certa: o interesse pelo banco fecal é real, está aumentando e tem um grande potencial pela frente. E você, o que pensa a respeito?

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Bibliografia consultada:

Disponível em Medscape. Traduzido e adaptado por Magistral Guide.

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