A osteoartrite (OA), uma doença degenerativa crônica da cartilagem articular é a principal causa de dores articulares e comprometimento da função motora. A OA é mais prevalente em adultos idosos mas também pode ser observada em atletas que praticam esporte de alto impacto. Além do desconforto, dor, diminuição da capacidade funcional e redução da qualidade de vida, a OA pode acarretar um maior risco de sobrepeso / obesidade, diabetes mellitus, quedas e fraturas.
Atualmente, o tratamento farmacológico para a OA consiste em manejar a dor com o uso de medicamentos anti-inflamatórios como opioides, AINEs e inibidores específicos da COX-2. Essa conduta tem apenas um efeito paliativo nos sintomas, sem tratar o problema principal que é a degeneração da cartilagem. Além disso, o consumo a longo prazo desses medicamentos pode resultar em sérios efeitos adversos gastrointestinais e cardiovasculares.
Os nutracêuticos são descritos como suplementos alimentares que apresentam em sua composição pelo menos um ingrediente considerado bioativo, inicialmente isolado de alimentos, e que seu consumo acarreta benefícios à saúde. No geral apresentam menores efeitos adversos e são mais seguros quando comparados aos medicamentos. Assim, encontrar um nutracêutico eficiente no tratamento de patologias é uma excelente estratégia para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, reduzindo efeitos adversos dos medicamentos.
Uma revisão sistemática e meta-análise publicada pela Scientific Reports – jornal esse publicado pela renomada Nature – avaliou 465 ensaios clínicos randomizados que usaram nutracêuticos para o tratamento de osteoartite. Os trabalhos foram divididos em estudos com duração curta (<10 meses), média (10-20 meses) e longa (> 20 meses), avaliando a pontuação WOMAC e VAS (principais análises para avaliar dor, rigidez e função física dos pacientes acometidos com OA).
O trabalho mostrou que há diversos nutracêuticos que exibiram um efeito clinicamente importante na escala WOMAC e/ou VAS. Destacamos 17 desses, possíveis de manipulação. São eles:
– Colágeno tipo II
– Colágeno hidrolisado
– Peptídos de colágeno (destaque para o porcino)
– Curcuma longa
– Boswellia serrata
– Condroitina
– Picnogenol
– L-carnitina
– Extrato da casca do maracujá
– Unha de gato
– MSM
– Proteína do leite concentrada
– Extrato de mexilhão de lábios verdes ( Perna Canaliculus – Green shell)
– Extrato de osso de veado – (Velvet antler)
– Andrographis paniculata
– Artemisia annua
– Lactobacillus casei Shirota
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No trabalho cita-se também Sierrasil (um complexo mineral de argila patenteado derivado das montanhas de Sierra, nos Estados Unidos), SKI 306X (uma mistura de ervas Clematis mandshurica, Trichosanthes kirilowii e Prunella vulgaris) e o extrato de crista de frango com alto teor de ácido hialurônico.
O estudo ainda destaca que nutracêuticos reconhecidos como a glucosamina e a vitamina D não apresentaram eficácia significativa. Por outro lado, alguns nutracêuticos não tão conhecidos como Boswellia serrata, extrato de osso de veado – (Velvet antler), extrato da casca de maracujá, peptídeos de colágeno isolados de pele de porco, A. paniculata, Artemisia annua e Pycnogenol, parecem ter maiores benefícios na redução dor e melhoria da função física com efeitos adversos insignificantes.
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Bibliografia consultada:
Aghamohammadi, D. Nutraceutical supplements in management of pain and disability in osteoarthritis: a systematic review and meta-analysis of randomized clinical trials. Scientific Reports, 2020.