Ouvir música auxilia no manejo da dor

Ouvir música auxilia no manejo da dor

Profissionais da saúde e pesquisadores sabem há muito tempo sobre uma conexão entre o som e o corpo. A musicoterapia tem sido usada há décadas para ajudar a controlar a dor após uma cirurgia, durante e após o trabalho de parto e durante o tratamento do câncer. E na verdade pouco importa se você gosta de música clássica, heavy metal ou funk, desde que o som esteja no volume correto.

Um artigo publicado na Science buscou esclarecer o funcionamento interno do cérebro, revelando os circuitos que operam por trás desse alívio da dor quando ouvimos uma música que gostamos. Segundo os autores o som de baixa intensidade é capaz de inativar a via áudio-somatossensorial e, assim, a ativação do tálamo somatossensorial. Isso significa que um ruído reproduzido em volume baixo parece diminuir a atividade, em partes, do cérebro, responsáveis ​​pela sinalização da dor.

No estudo, os cientistas injetaram em camundongos uma solução que causou desconforto em sua pata. Na sequência colocaram uma variedade de sons em diferentes intensidades, variando de música agradável a ruído branco, e observaram qualquer mudança no comportamento dos roedores.

Os resultados apontaram que os sons reduziram a retirada reflexiva da pata e a aversão a estímulos dolorosos, indicando efeito analgésico. O volume ideal para o alívio da dor era apenas 5 decibéis acima do ruído ambiente, ou seja, um som leve de fundo. O tipo de som tocado não fez diferença nenhuma desde que tocados no volume correto.

Ainda há um longo caminho para traduzir essas descobertas em camundongos para o contexto humano. Não se pode afirmar que os cérebros humanos funcionam da mesma forma que os cérebros dos camundongos quando expostos ao som. Mas as descobertas em camundongos podem oferecer pistas sobre como nossos cérebros podem funcionar – e, portanto, nos fornecem uma peça do quebra-cabeça para entender como o som influencia a percepção da dor.

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Bibliografia consultada:

Zhou W; et al. Sound induces analgesia through corticothalamic circuits. Science, 2022.

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