Segundo pesquisa do Del Monte Institute for Neuroscience da University of Rochester Medical Center, publicado na revista Neuropharmacology em março de 2021, a cafeína consumida durante a gravidez pode mudar importantes vias cerebrais no bebê levando a problemas comportamentais futuros.
A cafeína, um neuromodulador potente e amplamente utilizado, atravessa facilmente a barreira placentária, porém pouco se sabe sobre o impacto de longo prazo da exposição gestacional à cafeína no neurodesenvolvimento. Estudos anteriores descobriram que a cafeína pode ter um efeito negativo na gravidez, e que o feto não possui a enzima necessária para decompor a cafeína quando ela atravessa a placenta.
No trabalho atual, os pesquisadores analisaram imagens de ressonância magnética de 9.157 crianças (com idades entre 9 e 10 anos) como parte do estudo. Dessa amostra, 4.135 mães relataram consumir cafeína mais de uma vez por semana durante a gestação. Com os resultados foi possível concluir mudanças em importantes vias cerebrais em pessoas cujas mães relataram, retrospectivamente, consumir cafeína durante a gravidez.
Segundo os autores os efeitos estão relacionados a problemas comportamentais mínimos, mas perceptíveis, que devem nos levar a considerar os efeitos de longo prazo da ingestão de cafeína durante a gravidez. Além disso, foi possível observar também problemas comportamentais elevados, dificuldades de atenção e hiperatividade nessas crianças.
Assim, o estudo nos traz um alerta de que qualquer cafeína durante a gravidez possivelmente não é uma boa ideia para o neurodesenvolvimento do bebê
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Bibliografia consultada:
Zachary P. Christensen et al. Caffeine exposure in utero is associated with structural brain alterations and deleterious neurocognitive outcomes in 9-10 year old children. Neuropharmacology, 2021.