Há uma crença de que mulheres suportam muito mais a dor do que os homens, afinal, passar por uma dor de parto não é para qualquer um, é um desafio para as mulheres. Mas pasmem! O que os estudos mostram é que isso é um mito, e que na verdade são os homens que além de se queixarem menos de dor conseguem tolerá-las mais.
Comparada aos homens, as mulheres são desproporcionalmente impactadas pela carga da dor crônica, com muito mais propensão a relatar dor lombar, dor no pescoço, dor orofacial, dor neuropática, enxaquecas ou dores de cabeça comuns. Os que os estudos relatam é que as mulheres além de sentirem mais dores do que os homens, elas são menos resistentes ao incômodo.
Os pesquisadores explicam que embora os fatores sociais e psicológicos certamente desempenhem um papel nas diferenças de prevalência e incidência da dor, são as diferenças biológicas no funcionamento do mecanismo da dor a principal resposta para esses efeitos observados, ou seja, homens e mulheres sentem dor de forma diferente.
Um estudo publicado em 2022 na revista BRAIN mostra pela primeira vez que os neurônios da medula espinhal processam os sinais de dor de maneira diferente nas mulheres em comparação com os homens. O novo estudo é único porque usou tecido da medula espinhal feminino e masculino de ratos e humanos (generosamente doados por indivíduos falecidos e suas famílias).
Ao examinar o tecido da medula espinhal em laboratório, os pesquisadores conseguiram mostrar que um fator de crescimento neuronal chamado BDNF desempenha um papel importante na amplificação da sinalização da dor na medula espinhal em humanos machos e ratos machos, mas não em humanos fêmeas ou ratas. Quando as ratas tiveram seus ovários removidos, a diferença desapareceu, apontando para uma conexão hormonal.
Estudos futuros são necessários para entender como essa diferença biológica pode contribuir para diferenças na sensação de dor entre homens e mulheres. Esse estudo trouxe novas perspectivas de tratamentos para dor, auxiliando no desenvolvimento de novos medicamentos e ajudando principalmente aqueles que sofrem de dor crônica.
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Bibliografia consultada:
Dedek A; et al. Sexual dimorphism in a neuronal mechanism of spinal hyperexcitability across rodent and human models of pathological pain. Brain, 2022.