Chá Verde Pode Ajudar no Desenvolvimento Facial de Crianças com Síndrome de Down, Revela Estudo Promissor

Chá Verde Pode Ajudar no Desenvolvimento Facial de Crianças com Síndrome de Down, Revela Estudo Promissor

A síndrome de Down é uma condição genética causada pela presença de uma terceira cópia do cromossomo 21, o que resulta na superexpressão dos genes dessa região, levando a alterações físicas e intelectuais. Entre esses genes, o DYRK1A se destaca, pois sua superexpressão pode alterar o desenvolvimento do cérebro e dos ossos. Um composto presente no chá verde, chamado EGCG (epigalocatequina-3-galato), tem sido estudado por sua capacidade de inibir a atividade do gene DYRK1A, sugerindo que ele pode ter impacto positivo em pessoas com síndrome de Down.

Um estudo, publicado na revista Scientific Reports, investigou como a suplementação com chá verde pode influenciar o desenvolvimento facial em pessoas com síndrome de Down. A pesquisa, liderada por cientistas belgas e espanhóis, foi realizada em duas etapas: uma fase experimental com camundongos e outra observacional com crianças.

O Estudo com Camundongos: Doses Baixas vs. Doses Altas de Chá Verde

Na fase experimental do estudo, camundongos foram tratados com doses de extrato de chá verde enquanto ainda estavam no útero de suas mães. Os pesquisadores testaram duas dosagens de EGCG: uma baixa e uma alta. Os resultados foram surpreendentes. Sessenta por cento dos camundongos que receberam a dose baixa de EGCG apresentaram um desenvolvimento facial semelhante ao dos camundongos saudáveis, que não tinham a síndrome de Down. No entanto, altas doses de EGCG causaram resultados variados, em alguns casos interrompendo o desenvolvimento facial normal e gerando mais dismorfias.

Isso sugere que a dosagem adequada do chá verde é crucial para obter benefícios e evitar efeitos adversos.

O Estudo Observacional com Crianças: Diferenças em Idades

A fase observacional foi realizada com 287 crianças entre 0 e 18 anos, incluindo aquelas com e sem síndrome de Down. O grupo de crianças com síndrome de Down foi dividido em dois: aquelas que receberam suplementação de EGCG e aquelas que não receberam. As crianças foram fotografadas para criar modelos 3D de seus rostos e analisar as diferenças.

Nos bebês e crianças pequenas (0 a 3 anos), os resultados foram promissores. As crianças que receberam o suplemento de chá verde apresentaram uma redução significativa na dismorfia facial, com apenas 25% das distâncias faciais diferindo das crianças sem síndrome de Down. Em comparação, no grupo que não recebeu o suplemento, 57% das distâncias faciais eram diferentes. Isso indica que a suplementação de EGCG pode ajudar a minimizar as diferenças faciais quando administrada nos primeiros anos de vida.

Entretanto, os resultados não foram tão positivos para os adolescentes. Mesmo com a suplementação, a diferença facial em comparação ao grupo de controle permaneceu em mais de 50%. Isso sugere que os efeitos do EGCG são mais pronunciados durante os primeiros anos, quando o rosto e o crânio estão em crescimento acelerado.

Cautela e Necessidade de Mais Pesquisas

Embora os resultados iniciais sejam promissores, os pesquisadores alertam para a necessidade de mais estudos. A suplementação com EGCG mostrou ter efeitos benéficos em doses baixas, mas pode trazer riscos em doses mais altas. Além disso, ainda há muitas perguntas sobre como o EGCG pode afetar outros órgãos e sistemas além do desenvolvimento facial.

É crucial que futuras pesquisas explorem a dose ideal do suplemento e seus efeitos a longo prazo em humanos. O próximo passo será a realização de ensaios clínicos com mais participantes e um controle rigoroso do uso desses suplementos.

 

Bibliografia consultada:

Starbuck JM, et al. Green tea extracts containing epigallocatechin-3-gallate modulate facial development in Down syndrome. Scientific Reports, 2021

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