Usar sêmen pode melhorar a pele ou o cabelo?

Usar sêmen pode melhorar a pele ou o cabelo?

A ideia de que o sêmen pode ser benéfico para a saúde da pele e/ou cabelos deriva em grande parte de evidências anedóticas que afirmam que os nutrientes do sêmen podem ajudar na saúde da pele. Se formos analisar a composição química do sêmen veremos a presença de diversos nutrientes que auxiliam no tratamento da pele, destacando:

– Proteína

O colágeno é um tipo de proteína que pode ser benéfico para a saúde da pele. Diversos estudos apontam que a suplementação de colágeno pode melhorar a hidratação e a elasticidade da pele e tornando-a mais macia.

– zinco

Um estudo de 2014 revisou os benefícios do zinco via tópica e concluiu que seu uso possui propriedades antioxidantes e pode ajudar a prevenir danos à pele causados ​​pela exposição aos raios ultravioleta.

– magnésio

Pesquisa mais antiga de 2005 sugere que o banho em uma solução de sal marinho rico em magnésio pode ter benefícios para a pele seca, reduzindo a inflamação e aumentando a hidratação.

– uréia

A ureia é um produto residual da degradação dos aminoácidos encontrados nas proteínas com diversos estudos mostrando seus benefícios de uso na pele. Uma revisão publicada em 2018, destaca que produtos de uso tópico com ureia podem ser úteis para a promover a hidratação da pele.

– espermidina

O sêmen contém uma substância química chamada espermidina, que é responsável pelo cheiro do sêmen. Essa é uma das substâncias presentes no sêmen no qual há mais especulações de benefícios de uso.

Algumas pessoas acreditam que o sêmen pode ajudar a tratar e melhorar a acne. Essa suposição se baseia nas propriedades antioxidantes e antiinflamatórias da espermidina. Mas nesse aspecto não há qualquer evidência científica que apoie ​​o uso do sêmen como tratamento para acne.

Há quem relate que o uso de sêmen possa retardar o envelhecimento. O que se tem de evidencias mais plausíveis foi um recente estudo publicado em 2021, no qual relata que a espermidina secretada pela bactéria estreptococo possa contribuir para a recuperação da pele, estimulando a síntese de colágeno. Porém é possível que esse resultado não seja verificado com o uso de sêmen devido a quantidade baixa presente no líquido de ejaculação.

O mesmo fato se atribuí com o uso de sêmen nos cabelos. Um estudo de 2011 sugere que a espermidina de forma isolada pode estimular o crescimento dos cabelos. Mas não há evidências científicas que sugiram que a aplicação de sêmen no cabelo terá o mesmo resultado.

Riscos de uso

Percebemos que diversos nutrientes presentes no sêmen possuem benefícios de uso tópico quando administrados de forma isolado ou presentes de outra fonte que não do sêmen. Desses nutrientes, a espermidina é a substância que apresenta maior destaque.

É importante ressaltar que o sêmen contém apenas pequenas quantidades desses nutrientes e, como tal, é improvável que tenham qualquer efeito quando aplicados na pele. Se o objetivo for se beneficiar do uso da espermidina, alimentos como frutas cítricas e pimentão verde contém níveis maiores e seu uso é mais seguro.

Colocar sêmen na pele pode levar o risco de desenvolver reações alérgica além do potencial risco de obter infecções sexualmente transmissíveis.

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Bibliografia consultada:

Gupta M, et al. Zinc Therapy in Dermatology: A Review. Dermatol Res Pract. 2014.

Proksch E, et al. Bathing in a magnesium-rich Dead Sea salt solution improves skin barrier function, enhances skin hydration, and reduces inflammation in atopic dry skin. Int J Dermatol, 2005

Kim G, et a. Spermidine-induced recovery of human dermal structure and barrier function by skin microbiome. Communications Biology, 2021.

Ramot Y, et a. Spermidine Promotes Human Hair Growth and Is a Novel Modulator of Human Epithelial Stem Cell Functions. Plos one, 2011

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