O uso regular de medicamentos para refluxo, conhecidos como inibidores da bomba de prótons, como omeprazol, pantoprazol, esomeprazol, entre outros está relacionado a um risco elevado de desenvolver diabetes tipo 2, constata uma pesquisa publicada online na revista Gut em 2020.
Segundo os pesquisadores, quanto mais tempo esses medicamentos são tomados, maior o risco de desenvolver diabetes tipo 2. Por isso aconselha-se que as pessoas que tomam inibidores de bomba de protons por 2 ou mais anos façam check-ups regulares de glicose no sangue no intuito de rastrear diabetes.
Os Inibidores de bomba de próton são usados para tratar refluxo, úlceras pépticas e indigestão. Eles estão entre os 10 medicamentos mais comumente usados em todo o mundo. O uso de longo prazo tem sido associado a um risco aumentado de fraturas ósseas, doença renal crônica, infecções intestinais e câncer de estômago.
Em 2014, a prevalência global de diabetes tipo 2 era de 8,5%, e os pesquisadores queriam descobrir se o uso generalizado de inibidor de bomba de prótons e a alta prevalência de diabetes poderiam estar relacionados.
Com isso os pesquisadores se basearam nas informações fornecidas por 204.689 participantes (176.050 mulheres e 28.639 homens) com idades entre 25 e 75 anos. No momento da inscrição e a cada 2 anos depois, os participantes atualizavam informações sobre seus comportamentos de saúde, histórico médico e condições recém-diagnosticadas. Os participantes também foram questionados se haviam usado inibidor de bomba de protons regularmente nos 2 anos anteriores: o uso regular foi definido como 2 ou mais vezes por semana.
Durante o período médio de monitoramento de cerca de 9 a 12 anos foi possível constatar que o risco absoluto anual de um diagnóstico entre usuários regulares de inibidor de bomba de proton foi de 7,44 / 1000 em comparação com 4,32 / 1000 entre aqueles que não tomaram esses medicamentos.
Depois de levar em consideração os fatores potencialmente influentes, incluindo pressão alta, colesterol alto, inatividade física e uso de outros medicamentos, aqueles que usavam inibidores de bomba de próton regularmente tinham 24% mais chances de desenvolver diabetes tipo 2 do que aqueles que não o faziam. E quanto mais tempo esses medicamentos eram tomados, maior era o risco de desenvolver diabetes: o uso por até 2 anos estava associado a um risco 5% maior; o uso por mais de 2 anos foi associado a um risco aumentado de 26%. O risco diminuía quanto mais tempo passava desde a parada.
Uma análise posterior mostrou que o risco de diabetes entre usuários de inibidor de bomba de protons não foi afetado por sexo, idade, história familiar de diabetes, tabagismo, ingestão de álcool, dieta, atividade física, colesterol alto ou uso regular de antiinflamatórios. Mas foi maior entre os participantes que não estavam acima do peso ou que tinham pressão arterial normal.
Para efeito de comparação, os pesquisadores também analisaram o impacto potencial dos bloqueadores H2, outro tipo de medicamento usado para conter a produção excessiva de ácido estomacal. O uso regular desses medicamentos foi associado a um risco aumentado de 14%. Da mesma forma, o uso de longo prazo foi associado a um risco maior, enquanto o tempo mais longo desde a interrupção foi associado a um risco menor.
Este é um estudo observacional e, como tal, não pode estabelecer a causa, mas envolve muitas pessoas cuja saúde foi monitorada por um período relativamente longo, dizem os pesquisadores. O conjunto de evidências sugere que as mudanças no tipo e no volume da bactéria no intestino (o microbioma) podem ajudar a explicar as associações encontradas entre o uso de inibidores de bomba de protons e um risco aumentado de desenvolver diabetes, acrescentam. No momento aconselha-se realizar o monitoramento da glicose durante o uso crônico de inibidores de bomba de prótons.
.
Bibliografia consultada:
Jinqiu Y, et al. Regular use of proton pump inhibitors and risk of type 2 diabetes: results from three prospective cohort studies. Gut, 2020
Disponível em Science Daily. Traduzido e adaptado por Magistral Guide