Gabapentina pode melhorar a recuperação do movimento após um AVC

Gabapentina pode melhorar a recuperação do movimento após um AVC

O fármaco gabapentina, atualmente prescrito para controlar convulsões e reduzir a dor nos nervos, pode melhorar a recuperação do movimento após um acidente vascular cerebral (AVC), ajudando os neurônios do lado não danificado do cérebro a assumir o trabalho de sinalização das células perdidas, sugere uma nova pesquisa.

Os experimentos realizados em animais, imitaram o acidente vascular cerebral isquêmico em humanos, que ocorre quando um coágulo bloqueia o fluxo sanguíneo e os neurônios morrem na região afetada do cérebro. Os resultados mostraram que o tratamento diário com gabapentina por seis semanas após um AVC restaurou as funções motoras finas nas extremidades superiores dos animais e se manteve mesmo após a interrupção do tratamento.

O foco principal do tratamento após um AVC é restabelecer o fluxo sanguíneo no cérebro o mais rápido possível, mas esta pesquisa sugere que a gabapentina não tem papel nesse estágio agudo: os resultados da recuperação foram semelhantes, quer o tratamento tenha começado uma hora ou um dia após o AVC. Os efeitos do fármacos são evidentes em neurônios motores específicos cujos axônios carregam sinais do sistema nervoso central que dizem aos músculos para se moverem.

Os neurônios após uma lesão tendem a ficar “hiperexcitados”, levando a sinalização excessiva e contrações musculares que podem resultar em movimento descontrolado e dor. Enquanto a proteína receptora neural alpha2delta2 contribui para o desenvolvimento do sistema nervoso central, sua superexpressão após dano neuronal significa que ela freia o crescimento do axônio em momentos inoportunos e contribui para essa hiperexcitabilidade problemática. A gabapentina atua inibindo as subunidades alfa2delta1/2 e permitindo que a reparação do sistema nervoso central pós-AVC progrida de forma coordenada.

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Bibliografia consultada:

Andrea Tedeschi et al. Harnessing cortical plasticity via gabapentinoid administration promotes recovery after stroke. Brain, 2022

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