O lítio tem efeito preventivo na demência?

O lítio tem efeito preventivo na demência?

Os casos de demência têm aumentado exponencialmente a cada ano. Em parte, isso se deve ao envelhecimento da população, já que seu risco é aumentado conforme o avanço da idade.

Com este aumento vem um alto custo de saúde e assistência social. Assim, os cientistas acreditam que retardar o início da demência em apenas 5 anos poderia reduzir sua prevalência e impacto econômico em até 40%.

O estudo de coorte retrospectivo publicado na na revista PLOS Medicine descobriu que as pessoas que foram expostas ao lítio (medicamento com indicação terapêutica principal para pessoas com transtorno afetivo bipolar e transtorno depressivo maior) eram menos propensas a desenvolver demência.

Para o estudo, pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, acessaram registros clínicos eletrônicos de serviços secundários de saúde mental em Cambridge e Peterborough.

Foram comparados os registros de 548 pessoas que receberam prescrição de lítio com 29.070 pessoas que não tomaram a medicação. Nenhum dos participantes tinha demência no início do estudo e todos tinham 50 anos ou mais. A média de idade foi de 73,9 anos.

Os participantes que tomaram lítio foram acompanhados por uma média de 4,8 anos (1-14,9 anos) e 9,7% dos participantes foram diagnosticados com demência durante esse período. Isso incluiu 6,8% com doença de Alzheimer e 2,6% com demência vascular.

Aqueles que não tomaram lítio foram acompanhados por uma média de 4,3 anos (1-14,9 anos). Neste grupo, 11,2% desenvolveram demência, incluindo 8,1% com doença de Alzheimer e 2,6% com demência vascular.

Embora o estudo tenha sido pequeno, mesmo considerando outros fatores, os autores concluíram que o uso de lítio resultou em uma redução de 44% no risco de demência.

Os autores explicam que esse possível benefício do lítio é devido a inibição da enzima chamada glicogênio sintase quinase, ou GSK3, que está envolvida na fosforilação anormal da proteína tau, responsável pelos emaranhados presentes na doença de Alzheimer. 

Apesar dos resultados terem sido bastante promissores, os pesquisadores alertam que não necessariamente pode ser generalizado para a população devido ao número relativamente pequeno de pessoas que estavam tomando lítio. Estudos futuros devem ser conduzidos com populações maiores, mais diversas e até mesmo em pacientes com início de Alzheimer para verificar se há também algum efeito de retardar a progressão da doença ao longo dos alguns anos.

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Bibliografia consultada:

Chen S; et al. Association between lithium use and the incidence of dementia and its subtypes: A retrospective cohort study. PLOS Medicine, 2022.

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