Os parabenos são uma classe de conservantes usadas com frequência em cosméticos, medicamentos e alimentos a mais de 100 anos para evitar o crescimento de fungos, bactérias e leveduras. Os conservantes mais comuns incluídos como parabenos são o metilparabeno, propilparabeno, butilparabeno e etilparabeno. Apesar do seu amplo espectro de ação microbiológica, nas últimas décadas linhas de pesquisas têm mostrado que seu uso pode causar diversos malefícios à saúde. Por outro lado, alguns especialistas relatam que ainda faltam mais dados concretos para afirmar qualquer risco ao consumidor, alegando que o uso em baixa concentração é seguro. Afinal, o que os estudos mais recentes falam a respeito dos parabenos? Continue a matéria que trouxemos para você as últimas abordagens científicas sobre o tema.
Qual a origem dos parabenos?
Os parabenos são encontrados naturalmente em algumas frutas como por exemplo o mirtilo. No entanto, os fabricantes geralmente produzem o composto artificialmente combinando um tipo de ácido 4-hidroxibenzóico e metanol.
Estima-se que desde 1920, os parabenos foram gradativamente se tornando o aditivo mais abundantemente usado em cosméticos e produtos farmacêuticos. Em 2006, mais de 22.000 tipos de cosméticos continham parabenos como conservantes, número que quase dobrou desde 1981, quando os parabenos foram usados em 13.200 produtos cosméticos.
Quais os riscos dos parabenos?
Até o momento as evidências sobre o uso dos parabenos são inconclusivas. Os principais riscos com o uso de parabeno é irritação da pele e olhos, danos ao meio ambiente (principalmente vida aquática) e desregulador endócrino.
Os desreguladores endócrinos são substância que pode alterar a função dos hormônios e afetar negativamente a saúde. Os parabenos podem entrar no corpo através da absorção pela pele, ingestão e inalação e podem atuar como um falso estrogênio. Como consequência, os pesquisadores alertam que pode prejudicar a fertilidade e aumentar o risco de câncer.
Uma recente revisão publicada em 2022, relata que os parabenos podem indiretamente levar ao câncer de mama. O relatório reconhece que mais pesquisas são necessárias. Ainda assim, o estudo descreve os efeitos dos parabenos nos hormônios e a presença dessa substância de forma intacta nos tecidos de tumores de mama humanos.
Há evidências que indicam que o estrogênio esteja relacionado ao desenvolvimento do câncer de mama. Portanto, a suspeita de influência dos parabenos no crescimento do tecido do câncer de mama é provavelmente devido à forma como ele pode imitar altos níveis de estrogênio.
Outra consideração para os parabenos é sua conexão com a irritação da pele e alergias. Um estudo transversal encontrou uma ligação entre o uso de produtos com parabenos e doenças alérgicas em participantes. Isso inclui sensibilização alérgica e rinite alérgica.
Qual limite de uso?
No Brasil a RDC 528/21 estipula o uso de até 0,4% de cada parabeno e no máximo 0,8% de parabeno total em produtos cosméticos.
Um estudo de revisão avaliou o quanto a população está em constante contato com essas substâncias, concluindo que a detecção é alta e os níveis variam muito por país e tipo de parabeno. Por exemplo, as concentrações de parabenos relatadas em mulheres grávidas (~20–120 μg/L) foram uma ordem de magnitude maior do que na população geral. As concentrações de parabenos em alimentos e produtos farmacêuticos estavam no nível de ng/g, enquanto os níveis em produtos cosméticos atingiram níveis de mg/g. As concentrações ambientais variaram de ng/L–μg/L em águas superficiais e em μg/g em águas residuais e poeira interna.
Por que ainda é usado?
Além de apresentarem um amplo espectro microbiológico aumentando consideravelmente a validade das formulações, os parabenos apresentam excelentes características físico-químicas, sendo facilmente incorporado nas formulações sem alterar significativamente estabilidade, aparência e sabor.
Com base na avaliação de risco inicial realizada antes de 2000, os parabenos foram considerados seguros para uso humano. Especificamente, estudos de toxicidade aguda precoce em camundongos indicaram que a LD50 (dose letal média) de parabenos individuais estava entre 2100 e 8000 mg/kg após administração oral.
Atualmente, uma linha de especialistas consideram os produtos que contêm parabenos seguros de usar, com isso, agências regulatórias como FDA e Anvisa alegam que ainda não há evidências suficientes para sugerir que eles causem danos à saúde.
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Bibliografia consultada:
Hager E; Chen J; Zhao L. Minireview: Parabens Exposure and Breast Cancer. Int J Environ Res Public Health. 2022.
Iwama MM; et al. Exposure to paraben and triclosan and allergic diseases in Tokyo: A pilot cross-sectional study. Asia Pac Allergy. 2019
Wei F; et al. Parabens as chemicals of emerging concern in the environment and humans: A review. Science of The Total Environment, 2021.