Principais nutracêuticos utilizados na prevenção de infecções virais

Principais nutracêuticos utilizados na prevenção de infecções virais

Embora exista no mercado diversas opções de medicamentos antivirais, seu uso ainda apresenta inúmeras restrições, efeitos adversos e alto custo. Assim, estratégias que visam aumentar a imunidade e amenizar os sintomas das doenças virais, ainda são os métodos mais eficientes.

Muitos nutracêuticos e alimentos funcionais podem desempenhar um papel importante na prevenção de infecções virais. Esses insumos não são apenas virucidas em ação (inibem a replicação viral e a síntese de proteínas), mas também podem aumentar a imunidade natural, melhorando as condições fisiológicas do corpo humano (como reabastecer a quantidade de glutationa (GSH) e controlar a quantidade de radicais livres nas células). Assim, torna-se difícil para os vírus se replicarem dentro do corpo do hospedeiro e a gravidade dos sintomas também diminui, o que pode levar a uma baixa taxa de mortalidade e rápida recuperação. 

A partir de uma recente revisão publicada na revista Frontiers in Nutrition, listamos os 20 principais nutracêuticos discutidos em literatura científica que auxiliam na prevenção de infecções virais:

1 – Resveratrol

Além de ser um composto útil no tratamento de doenças cardiovasculares, cânceres e como um agente promissor para aumentar a longevidade, possui amplo espectro de efeito antiviral com ação comprovado in vitro e in vivo. Atua atenuando a geração de superóxidos nas mitocôndrias e interrompe a disfunção mitocondrial induzida pelo ácido araquidônico. Também inibe a produção de proteínas virais, a expressão gênica e a síntese de ácidos nucleicos. As propriedades antivirais do resveratrol mostraram resultados positivos quando testados em vários vírus, como influenza, hepatite C (HCV), vírus sincicial respiratório (RSV), varicela zoster, Epstein-Barr, herpes simplex (HSV), HIV , e peste suína africana.

2 – Quercetina

A propriedade antiviral da quercetina é de amplo espectro, pois pode ser eficaz contra vírus de DNA (por exemplo, herpesvírus) e RNA (por exemplo, coronavírus e influenza). Alguns estudos mostraram que a quercetina em combinação com o resveratrol suprime a secreção de mediadores pró-inflamatórios e quimiocinas no vírus da enterite e infecções causadas pelo vírus da metapneumonia humana.

3 – Curcumina

Possui propriedades antitumorais, antioxidantes, hipoglicemiantes, cicatrizantes, anti-inflamatórias, antivirais e anti-infecciosas bem conhecidas. A curcumina se liga aos receptores alvo, que estão envolvidos nos mecanismos de infecção do vírus, como a glicoproteína-RBD, PD-ACE2 e a protease SARS-CoV-2, bloqueando assim a entrada e o brotamento do vírus. Estudos também revelaram que a curcumina poderia bloquear o ACE2 (um receptor celular, que se liga à glicoproteína de pico SARS-CoV-2) para suprimir a entrada de novos coronavírus na célula.  Em outro estudo, a administração de curcumina (50 e 150 mg/kg) via gavagem oral em modelo animal in vivo reduziu da replicação do vírus influenza A.  A curcumina previne a inflamação e a fibrose pulmonar ao diminuir a expressão de citocinas e quimiocinas vitais (IFNγ, MCP-1, IL-6 e IL-10) que estão envolvidas na infecção viral.

4 – Galato de epigalocatequina (EGCG)

EGCG é um flavonóide catequina comum, que pode ser facilmente encontrado no chá verde.  O EGCG relatou ser útil contra uma variedade de vírus, como HSV, HCV, enterovírus (EV) e HIV. Além disso, um estudo demonstrou a capacidade do EGCG de atuar contra o vírus influenza bloqueando o movimento nucleocitoplasmático de ribonucleoproteínas virais em células de rim canino em uma abordagem dose-dependente. 

5 – N-acetilcisteína (NAC)

A NAC é uma pró-droga empregada principalmente como mucolítico e também no controle da intoxicação por acetaminofeno. Os efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios deste composto desempenham um papel essencial na atividade antiviral, embora o mecanismo de ação da atividade antiviral do NAC ainda não seja totalmente descoberto em nível molecular. No entanto, foi estabelecido que não é apenas ativo contra vírus como HIV e outros vírus com um mecanismo de replicação semelhante (que dependem de fatores de transcrição nucleares para sua infectividade), mas também contra outros vírus com uma patogênese completamente diferente. 

6 – Palmitoiletanolamida (PEA)

É reconhecida por sua atividade reguladora na homeostase celular e metabólica, antioxidante, anti-inflamatório e capacidade de modulação imunológica. Suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes ajudam a promover um efeito antiviral sobre os diferentes tipos de vírus, especialmente resfriado comum e gripe.

Em um estudo profilático com 918 participantes, os dias de doença foram reduzidos em 40 e 32% após 6 e 8 semanas de uso, respectivamente, em relação ao placebo. Em outro estudo, realizado com 901 voluntários, observou-se uma diminuição notável em doenças respiratórias agudas e de vírus influenza para aqueles que administraram PEA.

7 – Vitamina A (retinol)

A vitamina A desempenha um papel regulador na imunidade humoral e mediada por células através de IgA de superfície, modulação de células T auxiliares e geração de citocinas. A vitamina A tem demonstrado um significado terapêutico comprovado na terapia de várias doenças infecciosas, como a pneumonia associada ao sarampo. A suplementação de vitamina A tem sido amplamente pesquisada como parte do potencial coadjuvante da terapia para a prevenção da ocorrência de infecções agudas do trato respiratório inferior, redução da gravidade e para uma rápida recuperação. 

Descobriu-se que crianças que sofrem de deficiência de vitamina A tendem a apresentar maior risco de morte por causa de infecções do trato respiratório. Além disso, um estudo de meta-análise mostrou que a infecção respiratória piorou em crianças com deficiência de vitamina A preexistente e sua suplementação demonstrou reduzir o risco de morte em aproximadamente 23-30% das crianças de 6 a 59 meses.

8 – Vitamina D

A vitamina D é um hormônio modulador do sistema imunológico, que diminui a expressão de citocinas inflamatórias, além de aumentar a atividade dos macrófagos. Também promove a expressão de peptídeos antimicrobianos (AMPs) que estão presentes em células natural killer, monócitos, neutrófilos e células epiteliais que revestem o trato respiratório. A vitamina D age suprimindo e defendendo contra infecções, aumentando os peptídeos antipatógenos. 

Estudos mostram que pacientes idosos que receberam doses significativamente mais altas de vitamina D3 tiveram 40% menos chances de contrair infecções pulmonares.  Segundo pesquisas, a vitamina D ajuda no fortalecimento da primeira linha de defesa, prevenindo assim infecções respiratórias crônicas. 

9 – Vitamina C (ácido ascórbico)

A vitamina C auxilia em várias atividades do sistema imunológico inato e adaptativo, promovendo assim a morte dos microorganismos por meio de quimiotaxia, fagocitose, produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e, finalmente, morte microbiana. 

Estudos ostram que suplementos de vitamina C têm o potencial de prevenir e curar infecções sistêmicas e respiratórias, fortalecendo as funções imunológicas. Um trabalho científico realizado em 11.306 pessoas, mostrou que a suplementação de 1-2 g/dia de vitamina C, diminuiu o intervalo de resfriado em 14% em crianças e 8% em adultos. Além disso, a vitamina C intravenosa, quando administrada com altas doses, melhorou os sintomas em pessoas que sofrem de infecções graves, sepse induzida por infecções virais e síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). No entanto, em doses mais altas, a vitamina C pode diminuir o nível de cobre no corpo, especialmente em pessoas com deficiência de cobre, o que pode afetar adversamente a função imunológica. 

10 – Vitamina E (α-tocoferol)

A vitamina E é um antioxidante com potencial para regular a resposta imune do hospedeiro, e sua insuficiência é conhecida por dificultar a imunidade humoral e mediada por células. Um estudo em pacientes idosos mostrou que a suplementação de vitamina E (200 UI/dia) não teve muito impacto na infecção do trato respiratório inferior, mas ofereceu um efeito protetor nas infecções do trato respiratório superior, em particular no resfriado comum. 

11 – Complexo B

As vitaminas pertencentes ao grupo do complexo B desempenham um papel importante no bom funcionamento do corpo humano, incluindo uma melhora na ativação da função respiratória das respostas imunes inata e adaptativa e manutenção da integridade endotelial. 

12 – Zinco

O zinco atua modulando favoravelmente uma resposta imune inata e adaptativa. A deficiência de zinco é comum, e sua suplementação comprovadamente previne tanto a duração das infecções virais quanto sua gravidade. 

Muitos estudos in vitro e clínicos indicam a eficácia do zinco na indução de atividade antiviral. Os pesquisadores explicam que seu efeito antiviral é pela modulação da entrada de partículas virais, replicação, fusão, tradução de proteínas virais e sua liberação. 

Em um estudo, a baixa concentração de zinco aumentou a suscetibilidade à pneumonia, e os indivíduos com alto nível sérico de zinco (> 70 μg/dl) foram considerados com menor risco de contrair pneumonia, juntamente com menor mortalidade e duração da doença em comparação com o grupo com baixo teor de zinco (<70 μg/ml). 

13 – Cobre

O cobre auxilia no desenvolvimento e diferenciação das células do sistema imunológico. Estudos descreveram as propriedades antivirais do cobre contra os vírus HIV-1, bronquite, poliovírus, além de outros vírus envelopados e não envelopados e de DNA e RNA de fita dupla e simples. 

14 – Selênio

O selênio é um mineral importante para um sistema imunológico saudável. Pesquisas em modelos animais indicam o potencial da suplementação de selênio em aumentar a resposta antiviral contra várias cepas de influenza, como H1N1. Alguns estudos sobre as cepas virulentas dos vírus influenza e coxsackie demonstram que a deficiência aguda de selênio pode aumentar a gravidade e a patogenicidade da doença, promovendo numerosas mutações no RNA viral. 

15 – Magnésio

O magnésio é vital na regulação da função imunológica, exercendo influência na síntese de anticorpos, citólise dependente de anticorpos, adesão de células imunes, ligação de linfócitos M de imunoglobulina, ligação de células T auxiliares-B e resposta de macrófagos a linfocinas. Atua como anti-inflamatório e broncodilatador e tem sido usado sucessivamente para desobstruir as vias aéreas e facilitar a respiração. Alguns estudos in vivo e in vitro enfatizam a importância da suplementação de magnésio no desenvolvimento da reação imune contra infecções virais.

16 – Proteínas e peptídeos do leite

As proteínas e peptídeos ativos do leite possuem características antivirais e imunoreguladoras. A lactoferrina humana e bovina (bLF), lactoperoxidase, albumina sérica, β-lactoglobulina e α-lactalbumina agem nos vírus, ligando-se aos seus receptores celulares, inibindo assim a absorção viral e, finalmente, a replicação. 

17 – Probióticos

Diversos probióticos apresentaram efeitos contra vírus (destaque para Lactobacillus delbrueckii, Lactiplantibacillus plantarum, Lactiplantibacillus reuteri, Lactobacillus casei, Lactococcus lactis, Lactobacillus rhamnosus, Enterococcus faecalis e Bifidobacterium animalis), principalmente os respiratórios em estudos científicos. Os mecanismos pelos quais os probióticos atuam são provavelente os seguintes: (a) aderindo à camada epitelial, bloqueando a aderência dos vírus; ou competindo com eles por receptores de carboidratos específicos, (b) inibindo diretamente a ligação do vírus às células receptoras hospedeiras, (c) induzindo a regeneração da mucosa; as mucinas intestinais podem inibir a replicação viral inibindo sua aderência às células epiteliais, (d) produzindo diretamente substâncias antimicrobianas contra patógenos, (e) ativando e modulando a resposta imune via células dendríticas e macrófagos, (f) produzindo ácido lático e desidrogenase que podem ter atividades antivirais, (g) estimulação do sistema imunológico por IL, células NK, atividade Th1 e produção de IgA.

18 – Extrato de sabugueiro

O extrato de sabugueiro exerce uma influência regulatória nos vírus, tanto obstruindo diretamente as glicoproteínas virais quanto indiretamente, aumentando a expressão de IL-6, IL-8 e TNF. Uma mistura de extrato de framboesa, suco de sabugueiro e mel, chamada Sambucol, interrompeu a hemaglutinação e a multiplicação de 10 cepas diferentes de vírus influenza tipo A e tipo B in vitro

19 – Groselha Negra

Extrato de groselha negra ( Ribes nigrum) mostrou-se eficaz em infecções causada por influenza e outros vírus que infectam o trato respiratório.

20 – Betaglucana

A betaglucana é uma fibra capaz de estiular a imunidade principalmente pelo seu efeito anti-inflamatório e por atuar como prebiótico, melhorando a flora microbiana intestinal.

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