Probióticos Melhoram o Sono e Reduzem o Estresse

Probióticos Melhoram o Sono e Reduzem o Estresse

Se você já passou noites virando de um lado para o outro sem conseguir dormir, saiba que o problema pode estar mais abaixo do que você imagina—no seu intestino. Estudos recentes têm mostrado que a microbiota intestinal desempenha um papel fundamental na regulação do sono, e os probióticos podem ser aliados poderosos para noites mais tranquilas. Mas como essa relação funciona?

Um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo avaliou os efeitos do Lacticaseibacillus paracasei 207-27 na qualidade do sono de adultos jovens sob estresse leve. Os resultados trouxeram descobertas surpreendentes: além de melhorar a duração do sono, a suplementação com esse probiótico modulou a microbiota intestinal e reduziu hormônios relacionados ao estresse. Vamos entender melhor essa conexão!

O que intestino e cérebro têm a ver com o sono?

O intestino é frequentemente chamado de “segundo cérebro” porque contém milhões de neurônios e se comunica diretamente com o sistema nervoso central através do eixo intestino-cérebro. Essa via de comunicação regula diversos processos no organismo, incluindo o humor, o estresse e, claro, o sono.

Grande parte da serotonina, neurotransmissor essencial para a regulação do ciclo sono-vigília, é produzida no intestino. Além disso, a microbiota intestinal influencia a liberação de cortisol (hormônio do estresse), que, quando está elevado à noite, pode prejudicar a qualidade do sono.

Aqui entra o papel dos probióticos: essas bactérias benéficas podem restaurar o equilíbrio intestinal, reduzir a inflamação e melhorar a produção de neurotransmissores ligados ao relaxamento e ao sono profundo.

O que a ciência descobriu sobre probióticos e sono?

No estudo mencionado, jovens adultos com estresse leve tomaram diferentes doses de L. paracasei 207-27 ou placebo por 28 dias. Durante esse período, foram analisados diversos marcadores fisiológicos, como:

✅ Qualidade do sono (medida por dispositivos vestíveis e pelo questionário Pittsburgh Sleep Quality Index – PSQI)
✅ Hormônios do estresse (cortisol e ACTH)
✅ Composição da microbiota intestinal (analisada por sequenciamento genético)
✅ Níveis de ácidos graxos de cadeia curta (SCFA), substâncias produzidas pelas bactérias intestinais que influenciam o metabolismo e o funcionamento cerebral

Os resultados foram animadores! Os grupos que consumiram o probiótico dormiram por mais tempo, apresentaram níveis mais baixos de cortisol e tiveram uma microbiota intestinal mais equilibrada, com aumento de bactérias benéficas como Bacteroides e Megamonas, além da redução de Escherichia-Shigella, associada a processos inflamatórios.

Outro achado importante foi o aumento dos níveis de ácidos graxos de cadeia curta, especialmente ácido acético e ácido butírico. Essas substâncias parecem atuar reduzindo a atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, um dos principais responsáveis pelo controle do estresse e da resposta inflamatória do corpo.

Conclusão

O intestino pode ser um aliado inesperado quando o assunto é sono de qualidade. A ciência já demonstrou que a saúde intestinal influencia diretamente os ciclos de sono e que a modulação da microbiota, seja por alimentação ou suplementação probiótica, pode ser uma estratégia interessante para melhorar o descanso noturno.

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Bibliografia consultada:
Li J; et al. Lacticaseibacillus paracasei 207-27 alters the microbiota–gut–brain axis to improve wearable device-measured sleep duration in healthy adults: a randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Food and Function, 2024.
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