Fortes evidências apoiam que alguns tipos de chás e seus compostos bioativos combatem a obesidade do ponto de vista antropométrico e bioquímico. Entre as variedades de chá estudadas pelas suas propriedades anti-obesogênicas, o chá verde é o mais estudado. Uma revisão de literatura avaliou os principais estudos relacionados ao uso de chá verde na obesidade buscando esclarecer mais seu mecanismo de ação e dose efetiva.
Segundo os estudos compilados na revisão o consumo de chá verde está inversamente relacionado à obesidade. Os polifenóis do chá parecem contribuir significativamente para os seus efeitos anti-obesogênicos. Em alguns estudos, o consumo de polifenóis do chá verde causou redução na quantidade de lipogênese do tecido adiposo e ativou AMPK, causando redução nos níveis lipídicos plasmáticos, bem como estimulando a oxidação de ácidos graxos. As evidências apontam que esses efeitos são resultados da sinergia dos seus compostos bioativos, principalmente cafeína e EGCG presentes no chá verde.
Quando o chá verde é consumido em doses maiores que 300 mg por dia, a cafeína desempenha um papel na perda de peso, alterando a termogênese e o metabolismo do tecido adiposo branco. Os efeitos das catequinas do chá verde na homeostase lipídica plasmática foram demonstrados em estudos, reduzindo o colesterol plasmático, a lipoproteína de baixa densidade e os triglicerídeos. As catequinas inibem a síntese de ácidos graxos e diminuem a β-oxidação. Ao alterar o processo de emulsificação, as catequinas também reduzem as atividades da lipase digestiva, da lipase gástrica e da lipase pancreática, reduzindo assim a digestão e absorção de gordura.
Além disso, as catequinas do chá contribuem para um aumento na síntese de ácidos biliares, inibindo a reabsorção de ácidos biliares do intestino delgado. Os ácidos biliares (BAs) são poderosos reguladores metabólicos que podem facilitar a eliminação de gordura e subsequentemente reduzir a obesidade induzida pela dieta devido à sua função específica no metabolismo da gordura.
O efeito do chá verde combinado com uma dieta saudável e exercício adequado apresenta melhores resultados. Porém, ainda segundo estudo, é importante considerar que os benefícios do chá verde e de seus componentes só são aparentes quando consumidos em grandes quantidades. A recomendação de um grupo de pesquisa foi de 100–460 mg de galato de epigalocatequina com 80–300 mg de cafeína administrados ao longo de pelo menos 12 semanas.
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Bibliografia consultada:
Mei H; et al. The Role of Green Tea on the Regulation of Gut Microbes and Prevention of High-Fat Diet-Induced Metabolic Syndrome in Mice. Nutrients, 2023.