Uso de hormônios da tireoide (T3 e T4) por via tópica

Uso de hormônios da tireoide (T3 e T4) por via tópica

Os hormônios da tireoide (HTs) tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) são produzidos exclusivamente na glândula tireóide, sob o controle de um sistema regulatório neuroendócrino complexo, o eixo hipotálamo-hipófise-tireóide (HPT), que controla o desenvolvimento, crescimento e metabolismo de organismos vertebrados, incluindo a fisiologia da pele humana. A estimulação da glândula pituitária pelo hormônio liberador de tireotrofina (TRH) derivado do hipotálamo induz a secreção de tireotrofina pituitária (TSH). O TSH então estimula a glândula tireoide a sintetizar e secretar T4 e T3, que então regulam negativamente a secreção de TRH e TSH.

No hipotireoidismo e hipertireoidismo, os níveis séricos alterados de HT, acarretam diversos efeitos fisiológicos no corpo incluindo alterações clinicamente visíveis na pele humana e no fenótipo do cabelo.

No hipertireoidismo, as alterações cutâneas incluem eritema, hiperidrose palmoplantar, acropatia e dermopatia infiltrativa. Na doença de Graves (doença auto-imune, que gera uma anomalia no funcionamento da glândula tireóide) por exemplo, ocorre inclusive prurido generalizado, urticária crônica, vitiligo e hiperpigmentação difusa da pele. No hipotireoidismo, a pele geralmente é fria, fina e seca como resultado do armazenamento excessivo e difuso de mucopolissacarídeos (mixedema). Essas manifestações clínicas no hipo e hipertireoidismos é capaz de mostrar o quanto a fisiologia da pele humana é afetada pela alteração do HT.

Nos cabelos devido, pelo menos em parte, às suas demandas metabólicas e energéticas excepcionalmente altas, os folículos pilosos crescentes (anágenos) do couro cabeludo humano são extremamente sensíveis até mesmo a pequenas variações no nível sérico de HT. Em pacientes com hipotireoidismo é possível observar alopecia em decorrencia ao eflúvio telógeno prolongado, juntamente com fios de cabelo ressecados, quebradiços e opacos. O hipertireoidismo também pode induzir eflúvio telógeno, juntamente com o diâmetro da haste do cabelo mais fino, além de cabelos quebradiços e oleosos, embora os HTs estimulem a proliferação da matriz do cabelo. Há alegações de que o envelhecimento precoce está relacionado à doença autoimune da tireoide, presentes tanto no hipotireoidismo quanto no hipertireoidismo, inclusive a repigmentação de cabelos anteriormente grisalhos foi relatada em alguns pacientes sob terapia T4 sistêmica.

E indiscutível que a pele humana e cabelos respondem profundamente às mudanças nos níveis séricos de HT. A diversidade dos efeitos cutâneos dos HTs é espelhada no fato de que os receptores TRα e TRß são amplamente distribuídos pela pele humana, incluindo o folículo piloso. Com isso, um artigo publicado na revista Experimental Dermatology trouxe uma série de argumentos para o uso da aplicação tópica de HT sugerindo benefícios nas seguintes patologias:

– Cicatrização

– Úlceras tópicas

– Antienvelhecimento

– Atrofia cutânea

– Eflúvio telógeno (queda de cabelo)

– Alopécia

– Redução dos cabelos grisalhos

– Distúrbios de queratinização

Os autores destacam que o uso tópico de HT seria indicado para terapias de curto prazo (dias a semanas) monitorando os níveis de HT sistêmico afim de evitar efeitos adversos e toxicidade sistêmica.

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Bibliografia consultada:

Paus R; et al. Topical L-thyroxine: The Cinderella among hormones waiting to dance on the floor of dermatological therapy? Experimental Dermatology, 2020.

Safer JD . Thyroid Hormone and Wound Healing. J Thyroid Res, 2013

Antonini D; et al. An Intimate Relationship between Thyroid Hormone and Skin: Regulation of Gene Expression. Front Endocrinol (Lausanne), 2013

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