É possível transmitir Alzheimer durante procedimento clínico?

É possível transmitir Alzheimer durante procedimento clínico?

Recentemente foi noticiado que cinco indivíduos no Reino Unido foram diagnosticados com doença de Alzheimer decorrente de um procedimento clínico realizado décadas antes. Apesar do fato ser verídico, pesquisadores alertam que há necessidade de cautela na interpretação dos achados.

Estes seriam os primeiros casos de Alzheimer associado a uma intervenção clínica descritos em pessoas vivas. Os pacientes foram tratados na infância com hormônio do crescimento humano extraído da hipófise de cadáveres (c-hGH, do inglês “cadavers-human Growth Hormone”). Entre 1958 e 1985, cerca de 30 mil pessoas no mundo, a maioria crianças, receberam c-hGH para tratar distúrbios genéticos e deficiências de hormônio do crescimento.

O tratamento foi interrompido em 1985 após a morte de três pacientes nos Estados Unidos em decorrência da doença de Creutzfeldt-Jakob, transmitida por lotes de c-hGH contaminados com príons causadores da doença.

Com relação ao Alzheimer, estudos demonstram a presença de proteínas β amiloides em lotes de c-hGH e que a transmissão dessa proteína poderia ocorrer décadas mais tarde. Isso explicaria a transmissão da patologia da β amiloide como um fato raro e isolado.

Não há relatos de transmissão da β amiloide por meio de qualquer outro procedimento clínico ou cirúrgico, ressaltaram os pesquisadores, bem como não há indícios de que a β amiloide possa ser transmitida durante o atendimento de rotina do paciente ou em atividades diárias.

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Bibliografia consultada:

Banerjee, G., Farmer, S.F., Hyare, H. et al. Iatrogenic Alzheimer’s disease in recipients of cadaveric pituitary-derived growth hormone. Nat Med, 2024.

 

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