A obesidade é uma condição multifatorial que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e está diretamente relacionada ao aumento da inflamação crônica de baixo grau. Estudos científicos têm demonstrado que a suplementação de ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 (PUFA), como ácido alfa-linolênico (ALA), ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA), pode ser uma estratégia eficaz para modular processos inflamatórios e melhorar a saúde metabólica.
O Que a Ciência Diz Sobre o Ômega-3 e a Obesidade?
Uma revisão recente analisou o impacto da suplementação de ômega-3 em modelos ex vivo, in vivo e em ensaios clínicos, avaliando sua influência sobre a inflamação e marcadores metabólicos. Os resultados mostraram que a suplementação está fortemente associada à redução de diversos marcadores inflamatórios no sangue e no tecido adiposo, incluindo interleucina 18 (IL-18), interleucina 6 (IL-6), fator de necrose tumoral-α (TNF-α), molécula de adesão intracelular 1 (ICAM-1), proteína quimioatraente de monócitos 1 (MCP-1) e proteína C-reativa (CRP).
Além disso, os estudos apontam que os ômega-3 podem regular a ativação do inflamassomo NLRP3 nos adipócitos e estimular a produção de adipocinas anti-inflamatórias, reduzindo o estado inflamatório do tecido adiposo. Outro benefício observado foi a melhora no perfil lipídico, com redução dos níveis de triglicerídeos e colesterol em indivíduos com sobrepeso ou comorbidades associadas.
Como o Ômega-3 Atua na Regulação da Inflamação?
A inflamação crônica associada ao sobrepeso e à obesidade está ligada à disfunção do tecido adiposo e ao aumento da infiltração de células imunes. Estudos demonstram que os ácidos graxos ômega-3 desempenham um papel essencial na modulação desse processo, influenciando diretamente a resposta inflamatória por meio de diferentes mecanismos:
✅ Redução da produção de citocinas inflamatórias
✅ Competição com o ácido araquidônico, reduzindo a síntese de compostos pró-inflamatórios
✅ Produção de metabólitos anti-inflamatórios, como resolvinas, protetinas e maresinas
✅ Melhora da sensibilidade à insulina e regulação lipídica
Pesquisas indicam que a suplementação por 12 semanas com 1,1 g/dia de EPA e 0,8 g/dia de DHA resultou em alterações positivas no estado inflamatório do tecido adiposo, regulando negativamente a expressão gênica inflamatória e equilibrando os perfis de oxilipinas. Além disso, doses de até 5 g/dia de EPA e DHA são consideradas seguras, conforme relatado pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA).
Inovação e Estratégias para Maior Consumo de Ômega-3
Apesar dos benefícios cientificamente comprovados, o consumo adequado de ômega-3 ainda é um desafio. Alternativas biotecnológicas e novas formulações de alimentos enriquecidos com PUFA têm sido estudadas para aumentar a adesão à suplementação e melhorar a ingestão desses ácidos graxos essenciais.
Diante das evidências científicas, investir na suplementação de ômega-3 pode ser uma abordagem promissora para auxiliar no controle da inflamação associada ao sobrepeso e à obesidade, promovendo benefícios metabólicos e reduzindo riscos para doenças crônicas.
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