Os ácidos graxos poliinsaturados ômega-3, especialmente os derivados do óleo de peixe, são amplamente estudados por seus benefícios à saúde cardiovascular e metabólica. Mas será que eles também influenciam a microbiota intestinal e os níveis de lipídios no sangue em pacientes com diabetes tipo 2 (DM2)?
Para responder a essa pergunta, um estudo clínico investigou os efeitos do consumo diário de óleo de peixe na microbiota intestinal, no metabolismo lipídico e no controle glicêmico de pacientes com DM2 ao longo de três meses.
Como o Estudo Foi Realizado?
A pesquisa envolveu 110 participantes com DM2, que foram divididos em dois grupos:
🔹 Grupo Ômega-3: recebeu cápsulas diárias de óleo de peixe (n = 55).
🔹 Grupo Controle: recebeu cápsulas de óleo de milho (n = 55).
Durante o período de intervenção, os pesquisadores avaliaram diversos fatores, como glicemia, perfil lipídico e composição da microbiota intestinal.
Principais Resultados Observados
Após três meses de suplementação, os pesquisadores notaram que, embora os níveis de glicose plasmática em jejum não tenham sofrido redução significativa, outros marcadores metabólicos apresentaram melhoras expressivas no grupo que recebeu o óleo de peixe:
✅ Redução da hemoglobina glicada (HbA1c) – Indicador de controle glicêmico de longo prazo.
✅ Melhoria na resistência à insulina (HOMA-IR) – Sinalizando uma resposta mais eficiente à insulina.
✅ Diminuição do colesterol total, triglicerídeos e colesterol LDL – Impacto positivo na saúde cardiovascular.
✅ Alterações na microbiota intestinal – Aumento de bactérias benéficas e redução de espécies potencialmente prejudiciais.
Mudanças na Microbiota Intestinal
Um dos achados mais interessantes do estudo foi a modificação da composição da microbiota intestinal no grupo que consumiu óleo de peixe. Entre as principais mudanças observadas:
🔻 Redução de bactérias potencialmente prejudiciais, como Colidextribacter, Ralstonia e Klebsiella.
🔺 Aumento de espécies benéficas, incluindo Limosilactobacillus e Lactobacillus, conhecidas por seus efeitos positivos na saúde intestinal e na inflamação sistêmica.
Essas mudanças na microbiota foram acompanhadas por modificações no metabolismo lipídico, indicando uma possível relação entre os microrganismos intestinais e a melhora nos marcadores metabólicos.
O Que Isso Significa para Pacientes com Diabetes Tipo 2?
Os resultados sugerem que os PUFAs ômega-3 do óleo de peixe podem contribuir para o equilíbrio da microbiota intestinal e melhorar fatores metabólicos importantes para o controle do diabetes tipo 2. A redução de bactérias associadas a inflamações e o aumento de microrganismos benéficos podem ter um impacto positivo na saúde intestinal e sistêmica.
Embora os achados sejam promissores, mais pesquisas são necessárias para entender melhor os mecanismos envolvidos e os efeitos a longo prazo dessa intervenção.
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